Um espelho é mais do que um espelho: as novas formas e linguagens da canção que protesta na contemporaneidade portuguesa

Autores

  • Paula Guerra
  • Susana Januário

Resumo

Este artigo apresenta uma abordagem das (novas) canções de protesto de duas das mais emblemáticas bandas de pop rock português desde os anos de 1980 até à atualidade. Ao trabalho que aqui apresentamos esteve subjacente uma finalidade assente num princípio heurístico primordial: o de demonstrar de que forma as manifestações artísticas – neste caso em particular a música pop rock – constituem elas próprias matéria e objeto de intervenção social, demarcando um espaço próprio, definido e específico na denúncia e revelação de problemáticas sociais e na contestação, protesto e revolta perante a realidade social. Através da abordagem de 39 canções das bandas Mão Morta e a Xutos & Pontapés, estamos perante manifestações que não procuram apenas denunciar, mas também intervir/agir, nas quais, por vezes, o incitamento remete para a ação, passando esta a ser fundamental na demarcação de um espaço próprio, produtor temático e não apenas objeto contemplativo (espelho) da realidade social. Por isso, é que“um espelho é mais do que um espelho” é realidade social: campo produtor de denúncia e protesto, criador de temáticas/problemáticas próprias, insurgentes e demarcantes na realidade ao provocar-lhe agitação e mudança pela leitura que dela faz, constituindo-se, simultaneamente, em elementos integrantes de uma identidade coletiva resultante e resultado de um processo significativo de autorreflexividade.

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Publicado

2020-09-21

Edição

Seção

Dossiê: Arte, Mundo