O familismo na assistência social como resposta do capital à crise estrutural
DOI:
https://doi.org/10.34019/1980-8518.2024.v24.45834Palavras-chave:
Familismo, Assistência social, Cuidadores, Crise estrutural do capitalResumo
Este artigo tem como objetivo estudar o familismo presente na Política Nacional de Assistência Social (PNAS), com enfoque nos cuidadores de usuários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), e a sua relação com a crise estrutural do capital, apontando os limites e as alternativas dessa relação sobre as famílias. Observa-se no Brasil um desmonte das políticas públicas e a transferência de responsabilidades do Estado para as famílias no que tange ao anseio pela proteção social. A pesquisa apresenta, por meio de 20 entrevistas realizadas em 04 municípios da Zona da Mata Mineira, como a Política de Assistência Social impulsiona a responsabilização familiar pelos cuidados dos usuários do referido benefício. Os dados apontam a intensificação da responsabilização familiar frente à crise estrutural do capital, que são escamoteadas pela retórica do fracasso familiar, levando a uma postura conservadora, incorporada no trabalho social com as famílias. Aponta-se, assim, as contribuições do Serviço Social visando a defesa dos direitos sociais universais e a emancipação dos sujeitos.
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