Judicialização da saúde pública e trabalho profissional: de estratégia a fluxo institucional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1980-8518.2025.v25.45675

Palavras-chave:

Estado, Judicialização, Saúde, Neoliberalismo, Serviço Social

Resumo

Este artigo propõe debater a judicialização na saúde e suas implicações para o campo do trabalho profissional à luz de uma perspectiva crítica e marxiana. Trata-se de um estudo teórico e reflexivo realizado através das metodologias: revisão bibliográfica; qualiquantitativa; e observação participante. Esta pesquisa tem como objetivo contribuir para a produção teórica e crítica no campo das ciências sociais aplicadas e especialmente para o Serviço Social. Destaca-se como principal resultado que o recurso da judicialização é utilizado frequentemente como estratégia de garantia à acesso dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) a bens e serviços em saúde. Diante disso, reconhecemos a judicialização como parte da fetichização das relações sociais capitalistas, abordando as contradições do uso deste recurso no campo do trabalho profissional, destacando a necessidade da defesa coletiva pelo efetivo financiamento do SUS.

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Biografia do Autor

Clara Stephanie Andrade Pereira, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Assistente Social. Especialista em Clínica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestranda em Serviço Social pela UFRJ. Pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisas Marxistas em Política Social (GEMPS/ESS/UFRJ).

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Publicado

2025-06-30