Quem construiu o "Caes do Porto"? As marcas das relações raciais e da superexploração

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1980-8518.2024.v24.42315

Palavras-chave:

Porto, Racismo, Superexploração

Resumo

O centenário porto construído no Rio de Janeiro é obra de engenharia que nos alcança no presente. Neste artigo, objetivamos demonstrar quem eram, como viviam e em que condições laboravam os produtores diretos de tamanha empreitada. Para o entendimento aprofundado deste processo naqueles canteiros de obras, sobrelevam-se as socialmente generalizadas marcas das corroídas relações raciais no pós-abolição, bem como está caracterizada a superexploração da força de trabalho engajada em tamanha construção. História e Teoria Social devem responder: quem construiu o “caes do porto”?

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Biografia do Autor

Gustavo Gonçalves Fagundes, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutorando e mestre em Serviço Social na UFRJ. Graduação em Serviço Social pela UFF. Colaborador do Grupo de Pesquisa e Estudo em Questão Racial e Serviço Social (GEPEQSS), ligado à Escola de Serviço Social/UFF-Niterói. Integrante do grupo de pesquisa Superexploração, racismo estrutural e alienação, vinculado ao Laboratório sobre Marx e a Teoria Marxista da Dependência (LEMARX-TMD/ESS-UFRJ).

Thiago Vinicius Mantuano da Fonseca, Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC

Historiador, mestre e doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Professor visitante adjunto do Programa de Pós-Graduação em História da UESC.

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Publicado

2024-06-28