Socialização da política versus privatização do Estado: elementos para reposicionar a democracia em tempos de crise orgânica - representação e representatividade
DOI:
https://doi.org/10.34019/1980-8518.2024.v24.41730Palavras-chave:
Estado, Socialização da política, Formação social brasileira, Mulher negraResumo
Propomo-nos nesse artigo a questionar as formas políticas existentes no Brasil. Buscou- se problematizar, assim, em que medida a representação político- partidária sob uma sociedade periférica, estruturada a partir de uma lógica colonialista, escravista e sexista, logra alcançar os grupos subalternos, com destaque para as mulheres negras, que se constituem como avesso do sujeito que historicamente ocupa esse lugar, o homem branco. Tal cenário complexifica- se na contemporaneidade, tendo em vista o rearranjo no mundo capitalista em virtude da crise que se coloca a partir da década de 1970, que no Brasil significará a negação das conquistas constitucionais de 1988, ocasionando uma descrença na política, uma crise de representação que se soma a crise econômica. Trata- se de uma pesquisa bibliográfica, em que se faz uso de algumas categorias gramscianas. Nossa hipótese é que as demandas por representatividade espelham as lutas em torno da democratização da sociedade e do Estado brasileiro.
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