Expropriação em tempos de capitalismo: o trabalho reprodutivo e o impacto na vida das mulheres
DOI:
https://doi.org/10.34019/1980-8518.2023.v23.40576Palavras-chave:
Trabalho reprodutivo, Capitalismo, MulheresResumo
O artigo ora apresentado busca fomentar o debate acerca das marcas da expropriação na vida das mulheres em tempos de capitalismo, colocando como central o prisma histórico da submissão do trabalho feminino, o qual é entendido, mediante uma análise feminista marxista, como fundamental na geração do valor, mas totalmente desconsiderado e invisibilizado, dada a naturalização sócio-histórica. Como percurso metodológico, caracteriza-se como um estudo bibliográfico, ancorado pelo materialismo histórico dialético, por entender que aparência – por mais importante que seja no desvelamento dos fenômenos – não traduz a essência do real. Por fim, conclui-se que o capitalismo, juntamente com o patriarcado e o racismo, sustentam um pilar imbricado de opressões, explorações, dominações e precarizações que assolam diretamente a vida das mulheres, uma vez que tem no trabalho reprodutivo, o qual é realizado gratuitamente pelas mulheres – em sua maioria -, e tratado como algo inato a existência feminina e alheio ao capital, e que as colocam num lugar de subordinação, é fundamental para a condição de manutenção e subsistência da principal mercadoria que gera o capital: a força de trabalho.
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