Carta ao comunista sardo

Autores

  • Ana Lívia Adriano Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.34019/1980-8518.2021.v21.33497

Palavras-chave:

Gramsci, Serviço Social

Resumo

Na diversidade que compõe a tradição marxista – cujo ponto de conexão parece residir na perspectiva totalizante de compreensão da vida social e da história como um constructo humano atravessado por antagonismos e possibilidades concretas de transformação – o pensamento de Antonio Gramsci parece atestar atualidade e significativa relevância, na depuração destes tempos brutos, brutalmente desigual e exigente de lucidez, firmeza e organicidade teórica e política. Muitos estudiosos, jovens e mais experientes, no Brasil e no mundo, dedicam-se a compreender o pensamento e a vida deste autor e, a partir destas incursões, contestando as armadilhas dos dogmatismos e dos revisionismos, desvelar o presente, em sua dinamicidade e processualidade histórica. Para tanto, é necessário estabelecer como núcleo medular – mas não exclusivo – destas reflexões, a obra gramsciana; o tempo de Gramsci. Este texto – de natureza propedêutica ao estudo da obra gramsciana – é um esforço de síntese da apreensão das potencialidades e asperezas que peculiarizam os diálogos que construímos – enquanto sociedade e profissão – com o comunista sardo, os quais parecem conservar como fio de unidade, a conexão vital e necessária que a obra deste autor tem com os de baixo, na crítica radical e contumaz a este mundo terrível. Exatamente por procurar enfrentar tal esforço via apreensão do estabelecimento dos referidos diálogos, então travados por dentro da obra gramsciana, o presente texto assume a forma de uma carta – afinal, cartas costumam dizer muito sobre quem as recebe.

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Biografia do Autor

Ana Lívia Adriano, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF/ Niterói).

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Publicado

2021-06-19