Perfil de pacientes oncológicos e suas opiniões quanto ao uso de medicamentos não aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Autores

  • José Antônio Chehuen Neto Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Beatriz Stephan Farhat Jorge Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Filipe Raimundi Sampaio de Oliveira Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Lucas Alves de Almeida Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Nathália Couri Vieira Marques Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Renato Erothildes Ferreira Pós-Graduação em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Sávio Dornelas Breder Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2020.v46.27398

Palavras-chave:

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, População, Tratamento Farmacológico, Perfil de Impacto da Doença

Resumo

Introdução: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão nacional responsável pela autorização e regulamentação de venda e uso de medicamentos e monitora seus efeitos terapêuticos e adversos. Em meio a esse cenário, encontram-se os pacientes sob tratamento oncológico, sujeitos ao uso de diversos fármacos tradicionais ou inovadores (frequentemente ainda não aprovados pela Agência), que são, por vezes, indicados para terapias ainda não regulamentadas. Objetivos: Avaliar o perfil de pacientes oncológicos que estão ou estiveram em quimioterapia e/ou radioterapia e/ou outras terapias, o conhecimento destes sobre a ANVISA e suas funções, além das possibilidades de uso de medicamentos não aprovados pelo órgão e, secundariamente, de participação em uma pesquisa experimental hipotética. Material e Métodos: Estudo transversal descritivo com variáveis quantitativas, ao se aplicar questionário estruturado em 400 pacientes em tratamento oncológico sob acompanhamento em instituições especializadas, com análise estatística de medidas de frequência, tendência e dispersão. Resultados: Foram entrevistados 166 homens e 244 mulheres, com idade média de 59 anos ± 13.5. Não usariam medicamentos não aprovados pela ANVISA 74.25% dos pacientes, enquanto 25.75% fariam uso. A renda média prevalente foi de um a três salários mínimos, com mais da metade dos entrevistados tendo estudado até o ensino fundamental. Dos participantes, 62% não sabem o que é a ANVISA e tampouco têm conhecimento sobre seu papel. Ainda, 92,3% dos pacientes entrevistados estão cientes dos riscos de se usar medicamentos não aprovados pela Agência, e 61% participariam de uma pesquisa hipotética para aprovar um novo medicamento. Conclusão: São fatores determinantes para o uso de medicamentos não aprovados pela ANVISA: ter até 59 anos, ausência de outras opções terapêuticas e os efeitos colaterais dos atuais fármacos. Além disso, a maioria dos entrevistados estaria disposta a participar de uma pesquisa experimental para aprovação de uma nova medicação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Lucchese G. A vigilância sanitária no Sistema Único de Saúde. In: Seta MH, Pepe VLE, Oliveira GO. Gestão e vigilância sanitária: modos atuais do pensar e fazer. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2006. p. 33-47.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Lei nº 5.591, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências [Internet]. Brasília: ANVISA. [citado 2019 Jul 02]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5991.htm

Mastroianni PD, Lucchetta RC. Regulamentação sanitária de medicamentos. Revista De Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. 2011; 32(1):127-13.

Teodoro CR, Caetano R. O caso da fosfoetanolamina sintética e a preocupante flexibilização das normas sanitárias no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva. 2016; 26:741-6.

Goldim JR. O uso de drogas ainda experimentais em assistência: extensão de pesquisa, uso compassivo e acesso expandido. Rev Panam Salud Publica. 2008;23:198-206.

Araújo LU, Albuquerque KT, Kato KC, Silveira GS, Maciel NR, Spósito PA et al. Medicamentos genéricos no Brasil: panorama histórico e legislação. Rev Panam Salud Publica. 2010; 28:480-92.

Gomes RD, Pimentel VP, Landim AB, Pieroni JP. Ensaios clínicos no Brasil: competitividade internacional e desafios. BNDES Setorial. 2012; 36:45-84.

Evans C. Genetic counselling: a psychological approach. New York: Cambridge University Press; 2006.

Baptista MN, Dias RR. Psicologia hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.

Running A, Seright T. Integrative oncology: managing cancer pain with complementary and alternative therapies. Curr Pain Headache Rep. 2012; 16(4):325-31.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 21, de 25 de Abril de 2014. Brasília: ANVISA. [citado em 2019 Dez 12] Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0021_25_04_2014.pdf.

Kozan, JF. Por que pacientes com câncer vão à Justiça? Um estudo sobre ações judiciais movidas contra o Sistema Único de Saúde (SUS) e contra os planos de saúde na Cidade de São Paulo [dissertação]. São Paulo: University of São Paulo0; 2019.

Souza Cruz E, da Silva II, Augusto V, Coelho A. Incidência da automedicação entre jovens universitários da área da saúde e de humanas. Revista Saúde UniToledo. 2019; 3(1).

Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. [citado em 2019 Dez 12] Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencaa_saude_homem.pdf.

Lleras-Muney A, Lichtenberg FR. Are the more educated more likely to use new drugs? Ann Econ Stat. 2005; 1:671-96.

Cutler DM, Lleras-Muney A. Education and health: evaluating theories and evidence. National Bureau of Economic Research. 2006.

Unger JM, Hershman DL, Albain KS, Moinpour CM, Petersen JA, Burg K et al. Patient income level and cancer clinical trial participation. J Clin Oncol. 2013; 31(5):536.

Unger JM, Gralow JR, Albain KS, Ramsey SD, Hershman DL. Patient income level and cancer clinical trial participation: a prospective survey study. JAMA Oncol. 2016; 2(1):137-9.

Castro R, Almeida RA. Testemunho, evidência e risco: reflexões sobre o caso da fosfoetanolamina sintética. Anuário Antropológico. 2017; 1(I):37-60.

Food and Drug Administration, HHS. Expanded access to investigational drugs for treatment use: final rule. Federal Register. 2009; 74(155):40900.

Holbein MB, Berglund JP, Weatherwax K, Gerber DE, Adamo JE. Access to investigational drugs: FDA expanded access programs or “right‐to‐try” legislation? Clin Transl Sci. 2015; 8(5):526-32.

Sikora K. Personalized medicine for cancer: from molecular signature to therapeutic choice. Adv Cancer Res. 2006; 96:345-69.

Mutti CF, Paula CC, Souto MD. Assistência à saúde da criança com câncer na produção científica brasileira. Rev Bras Cancerol. 2010; 56(1):71-83.

Larson BE, Yao X. Clinical empathy as emotional labor in the patient-physician relationship: empathy, emotional labor and acting. JAMA. 2005; 293(9):1100-6.

Downloads

Publicado

2020-05-25

Como Citar

1.
Chehuen Neto JA, Stephan Farhat Jorge B, Raimundi Sampaio de Oliveira F, Alves de Almeida L, Couri Vieira Marques N, Erothildes Ferreira R, Dornelas Breder S. Perfil de pacientes oncológicos e suas opiniões quanto ao uso de medicamentos não aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. HU Rev [Internet]. 25º de maio de 2020 [citado 21º de novembro de 2024];46:1-10. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/27398

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2