A retextualização como recurso didático-discursivo:
uma análise da BNCC
DOI:
https://doi.org/10.34019/1808-9461.2023.v24.38550Resumo
A retextualização, enquanto fenômeno da linguagem humana, é um procedimento dinâmico e complexo, que mobiliza leitura/escuta, compreensão e escrita de textos nas práticas discursivas. Com isso, destaca-se a relevância de sua utilização enquanto recurso didático-discursivo nas práticas de ensino em sala de aula. Assim, este estudo objetiva investigar o tratamento dado à retextualização na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mais especificamente, visa compreender como a retextualização aparece enquanto proposta de ensino de texto na BNCC para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Quanto aos aspectos metodológicos, este estudo apresenta uma abordagem qualitativa e uma perspectiva de análise interpretativista da BNCC, cotejando com leituras teóricas que fundamentam a investigação, entre outras, Bakhtin (2011a; 2011b), Geraldi (2015), Antunes (2003; 2009), Marcuschi (2001), Matencio (2002), Dell’isola (2007). A análise mostra certa flutuação terminológica utilizada pela BNCC para se referir ao processo de criação de um texto a partir da leitura e compreensão de outro(s) texto(s)-base. Além disso, constata-se que, na proposta voltada para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a BNCC não utiliza a terminologia mais corrente, a saber, retextualização, sinalizando, possivelmente, a ausência de uma ancoragem teórica advinda dos estudos do texto enquanto objeto de ensino. Assim, a concepção de retextualização aparece de forma implícita, principalmente nas propostas de produção de textos relacionadas à mudança da modalidade oral para escrita, como também da escrita para a oral.