“Fé, Cultura e Tradição”: escutando os Penitentes do Santa Marta
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2025.v20.48335Resumo
Este artigo é baseado em trabalho de campo conduzido na Favela Santa Marta, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Com inspiração na obra de Steven Feld (1996; 2018; 2020), o texto discute as histórias e tipos de escuta do Penitentes do Santa Marta, um grupo de Folia de Reis sediado na favela que carrega em seu nome. A Folia é uma festividade de tradição católica que faz referência à jornada dos Três Reis Magos e ao nascimento de Jesus, seguindo por casas e comércios oferecendo músicas, danças e chulas e recebendo alimentos e bebidas dos anfitriões, em um sistema de compartilhamento de dádivas (Brandão, 1981; Souza, 2020). O grupo é composto por instrumentistas, cantores e palhaços de faixas etárias variadas, indo de crianças a idosos, e majoritariamente pretos e pardos. A divisão de funções dentro da Folia também perpassa os gêneros, com mulheres e homens tocando, cantando, dançando ou empunhando a bandeira. Os membros, por mais que em maioria tenham residência ou origem no Santa Marta, também podem ser oriundos de outras localidades. Por meio de observações feitas nos ensaios e jornadas dos Penitentes, construo uma compreensão e escuta sobre as dinâmicas internas, relações com a tradição e filiações ao grupo. Paralelamente, analiso as formas de recitar e criar versos dos palhaços, a execução da percussão pelos ritmistas, e os modos de cantar dos mestre e contramestres. Com isso, desenho uma observação da fala dos corpos e dos instrumentos dos integrantes da Folia, notando os processos de escuta, memória e ensinamento presentes em suas jornadas.
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