Processos de gravação no contexto da improvisação musical livre: Rupturas espaciais e temporais nas performances musicais enquanto fatores que contrariam as propostas estéticas do campo
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2025.v20.48211Resumo
Este artigo trata do problema estético-sonoro das improvisações livres que são gravadas e sobrepostas. Tal situação se apresenta como dilema ético-musical porque, tradicionalmente, as improvisações livres coletivas são feitas com os músicos compartilhando um mesmo tempo e espaço – por exemplo, quando livres improvisadores se reúnem para tocar ao vivo. Nesses casos ocorrem processos sonoros de interação e comunicação instantâneos entre os participantes, pois são elaborados improvisos livres em tempo real. Todavia, quando os improvisos são registrados por meio de gravações, que posteriormente são sobrepostas, não mais ocorre a habitual coparticipação dos músicos numa mesma instantaneidade/espacialidade. Constata-se, assim, o problema estético-sonoro da ruptura temporal e espacial entre os atos criativos dos músicos, que já não se apresentam como simultâneos. Diante disso, cabe perguntar: improvisos livres gravados e superpostos contêm, ainda, certas propriedades essenciais do campo da improvisação livre ou, pelo contrário, desvirtuam-no de maneira irreparável? Criações musicais elaboradas a partir de gravações sobrepostas podem ser de fato chamadas de “improvisos livres”? As reflexões aqui apresentadas partem de etnografia realizada entre 2020 e 2022 com os integrantes do Laboratório de Improvisação Musical Livre da UFRGS durante a pandemia de coronavírus, situação que obrigou esses músicos a interagirem musicalmente por meios virtuais.
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