Violências e resistências na luta por moradia no Norte de Minas:
o caso da Ocupação Tereza de Benguela (MTST) em Montes Claros
Resumo
A concentração de uma parte significativa da população em Ocupações Urbanas, estrategicamente assim denominadas, reflete as raízes históricas dos problemas das questões urbanas no Brasil. Essa dinâmica resultante dos períodos de colonização, são consequentes das desiguais distribuições de terras, com a posse concentrada em mãos de grupos sociais específicos e impulsionadas por políticas que promoveram a formação de grandes latifúndios. O Norte de Minas não está alheio a essa realidade, e as disputas por terras têm se intensificado, assumindo uma nova categoria de análise na região: os conflitos urbanos. O presente artigo apresenta uma análise por meio do relato sobre a Ocupação Tereza de Benguela (MTST) em Montes Claros, destacando a evolução da visibilidade dos conflitos urbanos com a chegada do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto à cidade. Inicialmente, busca-se fundamentar o estudo no contexto histórico de desigual distribuição de terras do município, seguido pela descrição do conflito ocorrido em 2022, entre as famílias organizadas pelo MTST e a elite local. Ao final, o artigo propõe reflexões sobre as particularidades das violências e resistências na luta por moradia em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, evidenciando a contribuição dos movimentos sociais na busca pela efetivação do direito à cidade.