Viveiros de gansos e viveiros de patos:
um estudo sobre práticas policiais envolvendo apreensão de drogas no estado do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2024.v19.43714Resumo
O objetivo do presente artigo é descrever e interpretar uma modalidade de emprego da força policial em decorrência do cumprimento da Lei 11.343, de 2006, conhecida no Brasil como Lei de Drogas. Colocando sob análise sociológica os resultados daí decorrentes, esperamos contribuir no âmbito dos estudos sobre os efeitos práticos desta tecnologia política e legal, que, ao definir que substâncias podem e devem, ou não, circular nos meios sociais, cria, como consequência, as estruturas de circulação clandestina e seus legados de ordem social. Destaque para a face da chamada “guerra às drogas” no Rio de Janeiro, com as forças policiais na linha de frente e tendo o “tráfico” como inimigo a ser abatido, e populações inteiras circulando no front. A metodologia empregada é o trabalho de campo de inspiração etnográfica, com farto uso de material oriundo de conversas diretas com os sujeitos envolvidos nas ações policiais. Os resultados da pesquisa apontam para a dificuldade sistemática das forças policiais fluminenses em operar na lógica da administração institucional de conflitos, que seria seu papel dentro de um Estado Democrático de Direito, uma vez que em grande parte dos territórios as mesmas são uma das partes em conflito aberto.