Filmar a postura, mostrar o antimovimento e revelar uma dimensão ritual nas técnicas do corpo
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2020.v15.33004Resumen
Segundo Marcel Mauss, estudar o comportamento do corpo humano passa, obrigatoriamente, pela descrição das formas como este se desenvolve no tempo e no espaço. Parece evidente que as imagens em movimento constituem o suporte mais apropriado para levar a cabo essa importante etapa do processo investigativo. No entanto, sabemos que, diferentemente da linguagem escrita, em que é possível privilegiar no decalque daquilo que está sendo observado apenas os aspectos que interessam a quem observa, o suporte fílmico apreende um amálgama indistinto de elementos indissociáveis. Perguntamo-nos, então, como proceder para realçar, enfatizar aqueles que efetivamente concernem os objetivos da descrição. A resposta encontra-se na estratégia de mise-en-scène de que vai lançar mão o cineasta para efetuar o seu registro. Para ilustrar o tipo de problema que as técnicas do corpo podem apresentar ao observador munido de uma câmera cinematográfica, buscaremos expor, nas linhas que seguem, aquele que é, parece-nos, o mais candente: filmar a postura.