A memória - a leveza - o olhar - o olfato - o tato - o jogo: Transeunte, de Eryk Rocha
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2017.v12.12312Abstract
O filme Transeunte, de Eryk Rocha, lançado em 2011, tem como protagonista Expedito, um recém-aposentado, morador do Rio de Janeiro que tem uma experiência singular com a cidade onde mora. Em sua sinopse, aparece como um filme que fala principalmente da vivência de um indivíduo na metrópole, do seu envelhecimento e da sua solidão. Com 125 minutos, filmado em película e em preto & branco, o filme é um mergulho no universo de Expedito e no seu contato com o urbano. Das texturas, principalmente no que se refere à face das pessoas, o esquadrinhamento dos corpos, dos olhos, das bocas, das peles - de uma poesia que valoriza o que é ordinário, comum - são inspiradas em cineastas cubanos, como Santiago Alvarez e Nicolás Guillén Landrián ou no armênio A. Pelechian. As sequências em que o Centro da cidade aparece são do Rio de Janeiro e não são. É uma cidade fora do eixo, fora do espaço, deslocada, podendo ser qualquer lugar, estando Expedito em qualquer metrópole. A experiência, para além do visual, faz com que se destaque o desenho de som e trilha sonora, que agregam elementos importantes ao próprio ofício de um antropólogo: os sentidos em alerta, a memória, o olhar e o ouvir como uma construção. Transeunte é um filme de camadas, no qual diversas perspectivas filosóficas se encontram, criando uma ausência de fronteiras entre a ficção e o documentário, entre a antropologia e o cinema. São as perspectivas destas (des)fronteiras que serão discutidas neste trabalho.
Palavras-chaves: (Des)Fronteiras, Eryk Rocha, Metrópole, Envelhecimento, Solidão.