Inflação e desenvolvimento no pensamento econômico brasileiro
Abstract
Este artigo tem como objetivo retomar o debate a respeito da inflação no âmbito da Cepal (Comissão Econômica
para a América Latina e Caribe), que na América Latina foi a principal tradição crítica ao pensamento ortodoxo
após a II Guerra Mundial, até a década de 1970. Enquanto os autores da tradição ortodoxa, como Eugênio
Gudin, Octávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos sustentavam que os desequilíbrios fiscais e monetários
consistiam na principal causa da inflação no continente, autores da tradição heterodoxa, como Celso Furtado e
Maria da Conceição Tavares, defendiam que a inflação tinha raízes estruturais. Segundo esses autores, a inflação
pode ter sido funcional ao desenvolvimento econômico, mas seus efeitos foram limitados, e justamente por isso
defendiam a sua substituição por outros instrumentos. Em outras palavras, não eram tolerantes com a inflação,
e tampouco defendiam políticas inflacionárias, como acusa a ortodoxia.