O voto como adesão

Authors

  • Beatriz M. A. de Heredia UFRJ
  • Moacir Palmeira UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.34019/2318-101X.2006.v1.12138

Abstract

Neste trabalho sustentamos que, ao contrário de outras atividades, a política não é pensada como uma atividade permanente. Ela se circunscreve a um período determinado, o período eleitoral, designado sintomaticamente como o tempo da política. O tempo da política representa o momento em que as facções (os partidos reais) são identificados, e em que, por assim dizer, existem plenamente, em conflito aberto. Se fora do tempo da política a facção resume-se praticamente aos chefes políticos e uns poucos seguidores, a disputa constitui um momento em que incorporar o maior número possível de pessoas torna-se essencial pelo que representa não só em termos de votos, mas de demonstração pública de força. Trata-se, nesse tipo de disputa, mais do que derrotar eleitoralmente um adversário, de fazer com que a facção confunda-se com o conjunto da sociedade.
O que procuramos mostrar foi como, nos marcos da política faccional, o voto, antes de ser uma escolha, tem o significado de uma adesão; antes de ser pensado como uma indicação de representantes ou mandatários, é concebido como gesto de identificação como uma facção; antes de consistir numa decisão individual, constitui um processo, envolvendo unidades sociais mais amplas que simples indivíduos ou redes de relações pessoais. Isso, no entanto, longe de transformar as eleições em algo secun¬dário, indica sua importância central para a continuidade das relações sociais em determinado tipo de sociedade e sua articulação com a própria temporalidade dessa última.
Palavras-chave: voto, tempo da política adesão

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Published

2012-01-11 — Updated on 2023-01-12

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