Aprendendo a ver com os povos Guarani
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2020.v15.29312Resumo
A partir da realização de filmes etnográficos com povos guarani, estudo as retomadas de terras, pensando como é que a partir de suas cosmologias compreendem o problema da terra. Estudando a lógica animada pelas forças e presenças no território, detenho-me na noção guarani de imagem. Proponho discutir a construção da narrativa no filme etnográfico, em particular com os Guarani Nhandeva que vivem na fronteira Brasil/Paraguai. O trabalho deixa-se conduzir pelas questões postas pelo cacique da aldeia retomada que, nos anos 90, recupera suas terras ancestrais, que permanecem ainda hoje em litígio. Como narrar de dentro, a partir de suas percepções, a retomada da terra que é também a da cultura? A partir da apresentação dos temas que são elencados em sua fala e de suas práticas, concebemos um caminho para o filme. Realizo séries de filmes, adequando o recorte narrativo e temático às estratégias que se configuram no encontro etnográfico. É a própria definição de imagem que se reconfigura neste diálogo, de um lado, considerando a noção de previsão, presente na concepção de imagem onírica, de outro, são as técnicas de produção de imagem que, incorporadas pelos povos guarani, permitem ver outras tecnologias.