"Sem capa": notas sobre o trabalho de campo de uma etnografia sobre o sexo bareback entre homens na cidade do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2020.v15.27151Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar reflexões sobre o trabalho de campo de parte de uma pesquisa realizada na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 2017 e 2018 entre grupos de homens que se relacionam sexualmente com outros homens, exclusivamente praticantes do sexo sem preservativo – também conhecido como ‘bareback’. As análises desenvolveram-se a partir do trabalho da observação direta destes grupos, num trabalho de campo que suscitou alguns questionamentos metodológicos e éticos que dialogam com a reflexão antropológica contemporânea, sobretudo com estudos recentes sobre práticas eróticas e sexualidade. Destacam-se nessa investigação duas particularidades: a primeira foi a dificuldade em ultrapassar a fronteira do óbvio na abordagem da prática bareback, sobretudo nos estágios iniciais da pesquisa; a segunda foi a questão de como deveria o pesquisador se “situar” no campo. Como pano de fundo, elege-se o contexto amplo cada vez mais conservador e reacionário frente a investigações científicas que, como a realizada, expõem certos “riscos sociais” e que, de certa forma, colocam em xeque moralidades instituídas que incidem sobre o indivíduo e seu corpo.