Turismo E Capitaloceno: uma primeira aproximação

Autores

  • Sandra Dalila Corbari Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP)

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.5771095

Palavras-chave:

Turismo, Antropoceno, Acumulação do capital, Áreas naturais, Turismo de última chance

Resumo

O presente ensaio busca ser uma introdução ao tema do Capitaloceno e sua interface com o turismo, tendo como base a teoria crítica da economia e ecologia política. Busca-se discorrer sobre a crise ambiental, o Capitaloceno e o turismo como “oportunidade” de promover ajustes espaço-temporais e de expandir as fronteiras do capital. O turismo se efetiva como um importante meio de exploração de territórios em todo o planeta, utilizando-se de sua vulnerabilidade frente às mudanças ambientais globais, sob a égide da “última chance” ou do “visite antes que desapareça”. Essa nomenclatura tem relação direta com o Capitaloceno, um termo adaptado de outro, o Antropoceno, considerado por geólogos como a época geológica atual. As evidências dessa mudança não se limitam às alterações climáticas, mas também às mudanças ambientais globais, que envolvem diferentes processos ecológicos que possibilitam a vida na Terra. Sob a égide do capitalismo e, sendo um meio de acumulação de capital, o turismo se utiliza da vulnerabilidade ecológica de determinadas áreas como apelo turístico. Esse fator é influenciado pela ideia de desaparecimento desses ecossistemas e atrativos – no âmago das mudanças climáticas – e pelo imaginário social de “natureza intocada”, que tem relação, também, com a cronopolítica da ecologia e, portanto, com relações de poder.

Palavras-chave: Turismo e Capitaloceno. Acumulação do Capital. Turismo de última chance.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandra Dalila Corbari, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP)

Pós-doutoranda no Programa Cidades Globais, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP). Doutorado em Meio ambiente e desenvolvimento/ UFPR (2020). Mestrado em Turismo/ UFPR (2015). Graduação em Turismo/ UFPR (2013). Consultora, palestrante e conteudista do CRB Consultoria Empresarial LTDA., Brasil. CV: http://lattes.cnpq.br/3532084949812042 [ corbari91@hotmail.com ]

Referências

Artaxo, Paulo. (2014). Uma nova era geológica em nosso planeta: o Antropoceno? Revista USP, São Paulo, (103): 13-24.

Carvalho, Ely Bergo de. (2010, jul./dez). No fundo da mata virgem: a complexidade de um elemento mítico no imaginário ocidental sobre a natureza. Tempo e Argumento, Florianópolis, 2(2): 135-153.

Crutzen, Paul Joseph. (2002, jan.) Geology of mankind. Nature, 415(3). Doi: 10.1038/415023.

Dachary, Alfredo César. (2015, jan./jun.). El turismo: un modelo de desarrollo. Revista Latino-Americana de Turismologia, Juíz de Fora (MG), 1(1): 16-26.

Dachary, Alfredo César; Arnaiz-Burne, Stella Maris. (2009). Turismo, conservación y pueblos originários: el nuevo colonialismo. Estudios y Perspectivas en Turismo, 18(1): 69-91.

Dachary, Alfredo César; Rodríguez, Luiz Anaya; Hermoso, Francisco Javier Ruiz. (2017, set./dez.). El turismo y la sustentabilidade real. Revista Anais Bras. de Estudos Turísticos/ABET, Juiz de Fora (MG), 7(3): 8-19.

Dawson, Jackie; Johnston, Margaret; Stewart, Emma; Lemieux, Christopher; Lemelin, Raynald Harvey; Maher, Pat; Grimwood, Bryan. (2011). Ethical considerations of last chance tourism. Journal of Ecotourism, 10: 250-265. doi: 10.1080/14724049.2011.617449.

DeSoto, Pablo. (2017). Indagaciones críticas sobre el Antropoceno. Ecologia Política, 53: 113-116.

Diegues, Antonio Carlos. (2004). O mito moderno da natureza intocada. 4. ed. São Paulo: Hucitec/NUPAUB-USP.

Eijgelaar, Eke; Thaper, Carla; Peeters, Paul. (2010). Antarctic cruise tourism: the paradoxes of ambassadorship, “last chance tourism” and greenhouse gas emissions. Journal of Sustainable Tourism, 18(3): 337-354. doi: 10.1080/09669581003653534.

Elhacham, Emily; Ben-Uri, Liad; Grozovski, Jonathan; Bar-On, Yinon; Milo, Ron. (2020). Global human-made mass exceeds all living biomass. Nature, 588(17): 442-454. doi: 10.1038/s41586-020-3010-5.

Escalera-Briceño, Alejandro; Palafox-Muñoz, Alejandro. (2015, jan./jun.). Una propuesta para el análisis del turismo desde la perspectiva de la geopolítica crítica. Revista Latino-Americana de Turismologia, Juíz de Fora (MG), 1(1): 27-35.

Escobar, Arturo. (2014). La invención del desarrollo. 2 Ed. Popayán (COL): Universidad del Cauca.

Exoticca. Places to visit before They disappear. Disponível em: Places to visit before they disappear - Exoticca Blog, acessado em 31 jan. 2021.

Fletcher, Robert. (2019). Ecotourism after nature: Anthropocene tourism as a new capitalist “fix”. Journal of Sustainable Tourism, 27(4): 522-535. doi: 10.1080/09669582.2018.1471084.

Florit, Luciano Felix; Tomio-Dreher, Marialva. (2009, jan./abr.) construção social da natureza e suas implicações para a ética no turismo. Turismo - Visão e Ação, 11(1): 63-75.

Foladori, Guilermo. (2001). Limites do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora da Unicamp/Imprensa Oficial.

Gascón, Jordi. (2012). Turismo y desarollo: una visión critica. In: Buades, Joan; Cañada, Ernest & Gascón, Jordi. El turismo en el inicio del milenio: una lectura crítica a tres voces. Madrid: Foro de Turismo Responsable, Red de Consumo Solidario/Picu Rabicu/Espacio por un Comercio Justo, Colección Thesis, pp. 46-48.

Gössling, Stefan; Hall, Michael. (Eds.). (2017). Tourism and global environmental change: Ecological, social, economic andpolitical interrelationships. New York (USA): Routledge.

Gössling, Stefan; Peeters, Paul. (2015). Assessing tourism's global environmental impact 1900–2050. Journal of Sustainable Tourism, 23(5): 639-659. doi:10.1080/09669582.2015.1008500.

Gudynas, Eduardo. (2012). Debates sobre el desarrollo y sus alternativas en latinoamerica: Una breve guía heterodoxa. In: Lang, Mirian; Mokekrani, Dunia (Org.). Más Allá del Desarrollo - Grupo Permanente de Trabajo sobre Alternativas al Desarrollo. Cidade do México (MEX): Fundação Rosa Luxemburg/Abya Yala, pp. 21-54.

Guerra, Sidney. (2009). A Crise Ambiental na Sociedade de Risco. Lex Humana, 1(2): 177-215.

Harvey, David. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. (1996). 6 ed. (Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves). São Paulo: Loyola.

Henao, Juan David Arias. (2017). La nueva economía verde y la vieja mercantilización de la naturaleza. Ecologia Política, 53: 12-16.

Klein, Naomi. (2007). La doctrina del shock: el auge del capitalismo del desastre. Barcelona (ESP): Ediciones Paidos Iberica.

Layrargues, P. P. (2011). A questão ambiental também é uma questão política. Secretaria de Infraestrutura e meio Ambiente. São Paulo, pp. 1-6.

Lemelin, Raynald Harvey; Dawson, Jackie; Stewart, Emma; Maher, Pat; Lueck, Michael. (2010). Last-chance tourism: the boom, doom, and gloom of visiting vanishing destinations. Current Issues in Tourism, 13(5): 477-493. doi: 10.1080/13683500903406367.

Malhi, Yadvinder. (2017, set.). The Concept of the Anthropocene. Annual Review of Environment and Resources, 42(1): 77-104. doi: 10.1146/annurev-environ-102016-060854.

Martinez-Alier, Joan. (2011). O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagem de valoração. 1 ed. 2 reimpr. (Trad. Maurício Waldman). São Paulo: Contexto.

Moore, Jason (Ed.). (2016). Anthropocene or capitalocene?: Nature, history, and the crisis of capitalism. New York: Pm Press.

Moore, Amelia. (2018). Selling Anthropocene space: situated adventures in sustainable tourism. Journal of Sustainable Tourism, 27(4): 436-451. doi: 10.1080/09669582.2018.1477783.

Mostafanezhad, Mary; Norum, Roger. (2019). The anthropocenic imaginary: political ecologies of tourism in a geological epoch. Journal of Sustainable Tourism, 27(4): 421-435. doi: 10.1080/09669582.2018.1544252.

Neumann, R. P. (1998). Imposing Wilderness: Struggles Over Livelihood and Nature Preservation in Africa. California (USA): University of California Press.

Nicholls, Ron; Higgins-Desbiolles, Freya; Rigney, Grant. (2016). Ngarrindjeri authority: a sovereignty approach to tourism. In: Mostafanezhad, Mary; Norum, Roger; Shelton, Eric & Thompson-Carr, Anna (Eds.). Political ecology of tourism: community, power and the environmental. New York/London: Routledge, pp.50-69.

Norum, Roger; Mostafanezhad, Mary. (2016, dec.). A chronopolitics of tourism, Geoforum, 77: 157-169. doi: Norum, R., & Mostafanezhad, M. (2016). Uma cronopolítica do turismo. Geoforum, 77, 157-160. doi:10.1016/j.geoforum.2016.10.015.

O’Connor, James. (2002) ¿Es posible el Capitalismo sostenible? In: Alimonda, Héctor. (Org.). Ecología política, naturaleza, sociedad y utopía. Buenos Aires (ARG): CLACSO.

Organização das Nações Unidades (ONU). (1971). O Relatório Founex sobre o desenvolvimento e o meio ambiente 1971. Founex (SWI): ONU.

Organização das Nações Unidas (ONU). (1987). Relatório Brundtland – “Nosso futuro comum”: definição e princípios. Estocolmo (SWE): ONU.

Organização das Nações Unidas (ONU). (2020). Human Development Report 2020: The next frontier Human development and the Anthropocene. PNUD.

Palafox-Muñoz, Alejandro. (2017). Turismo e imperialismo ecológico: el capital y su dinámica de expansión. Prefacio para su análisis. Ecologia Política, 52: 18-25.

Palafox-Muñoz, Alejandro; Vilchis-Onofre, Adrian Alejandro. (2019). Turismo y Áreas Naturales Protegidas en México: una aproximación a su estudio desde la Ecología Política. Revista Anais Bras. de Estudos Turísticos/ABET, Juiz de Fora (MG), 9: 1-12.

Pereiro, Xeraldo. (2011). El turismo como patrimonio cultural imaginario: Refl exiones a partir del caso del turismo kuna. In: Prats, Llorenç; Santana-Talavera, Agustín. (Coord.). Turismo y patrimonio, entramados narrativos. El Sauzal (ESP): ACA y Pasos, RTPC.

Piggott-Mckellar, Anna; Mcnamara, Karen. (2017). Last chance tourism and the Great Barrier Reef, Journal of Sustainable Tourism, 25: 397-415. doi: 10.1080/09669582.2016.1213849.

Quintana, Ana Carolina; Hacon, Vanessa. (2011). O desenvolvimento do capitalismo e a crise ambiental. O Social em Questão, 14(25/26): 427-444.

Ramírez, Omar Ernesto Cano. (2017). Capitaloceno y adaptación elitista. Ecologia Política, 53: 8-11.

Rashkow, Ezra. (2014). Idealizing Inhabited Wilderness: A Revision to the History of Indigenous Peoples and National Parks. History compass, 2(10): 818-832. doi: 10.1111/hic3.12190.

Rodríguez-Darias, Alberto Jonay; Santana- Talavera, Agustín. (2011). Áreas protegidas para turistas de sol y playa. Algunas reflexiones desde Canarias. In: Prats, Llorenç; Santana-Talavera, Agustín (Coord.). Turismo y patrimonio, entramados narrativos. El Sauzal (Tenerife. España): ACA y Pasos, RTPC.

Rousseau, Jean-Jacques. (1978). Contrato social. Trad. Lourdes Santos Machado, Paul Arbousse-Bastide e Lourival Gomes Machado. 2 ed. São Paulo: Abril Cultural (Col. Os Pensadores).

Saarinen, Jarkko. (2019). What are wilderness areas for? Tourism and political ecologies of wilderness uses and management in the Anthropocene. Journal of Sustainable Tourism, 27(4): 472-498. doi: 10.1080/09669582.2018.1456543.

Saarinen, Jarkko; Nepal, Sanjay. (2016). Conclusions: towards a political ecology of tourism – key issues and research prospects. In: Nepal, S.; Saarinen, J. Political ecology and tourism. New York (USA): Routledge, pp. 253-264.

Steffen, Will; Crutzen, Paul & McNeill, John. (2007, dec.). The Anthropocene: Are Humans Now Overwhelming the Great Forces of Nature? Ambio, 36(8): 614-621.

Steffen, Will; Grinevald, Jacques; Crutzen, Paul & McNeill, John. (2011). The Anthropocene: conceptual and historical perspectives. The Royal Society, 369 (1938): n. p.

Stewart, Emma; Wilson, Jude; Espiner, Stephen; Purdie, Heather; Lemieux, Chris; Dawson, Jackie. (2016). Implications of climate change for glacier tourism, Tourism Geographies, 18: 377-398. doi: 10.1080/14616688.2016.1198416.

Turner, L. & Ash, J. (1991). La horda dorada: el turismo internacional y la periferia del placer. Madrid: Editorial Endymión.

Urry, John. (2002). The tourist gaze. 2 ed. London (ENG): Sage.

Vidon, Elizabeth. (2016). The call of the wild: power and ideology in the Adirondack Park in Political ecology and tourism. In: Nepal, Sanjay; Saarinen, Jarkko. Political Ecology and Tourism. New York (USA): Routledge, pp. 100-114.

Zalasiewicz, Jan; Williams, Mark; Steffen, Will; Crutzen, Paul. (2010). The New World of the Anthropocene. Environmental Science & Technology, Washington (USA), 44(7): 2228-2231. doi: 10.1021/es903118j.

Downloads

Publicado

2021-12-15

Como Citar

Corbari, S. D. (2021). Turismo E Capitaloceno: uma primeira aproximação. Revista Latino-Americana De Turismologia, 7(Single). https://doi.org/10.5281/zenodo.5771095

Edição

Seção

PENSATA/ OPINION ESSAY/ ENSAYO DE OPINIÓN