Turismo E Capitaloceno: uma primeira aproximação
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.5771095Palavras-chave:
Turismo, Antropoceno, Acumulação do capital, Áreas naturais, Turismo de última chanceResumo
O presente ensaio busca ser uma introdução ao tema do Capitaloceno e sua interface com o turismo, tendo como base a teoria crítica da economia e ecologia política. Busca-se discorrer sobre a crise ambiental, o Capitaloceno e o turismo como “oportunidade” de promover ajustes espaço-temporais e de expandir as fronteiras do capital. O turismo se efetiva como um importante meio de exploração de territórios em todo o planeta, utilizando-se de sua vulnerabilidade frente às mudanças ambientais globais, sob a égide da “última chance” ou do “visite antes que desapareça”. Essa nomenclatura tem relação direta com o Capitaloceno, um termo adaptado de outro, o Antropoceno, considerado por geólogos como a época geológica atual. As evidências dessa mudança não se limitam às alterações climáticas, mas também às mudanças ambientais globais, que envolvem diferentes processos ecológicos que possibilitam a vida na Terra. Sob a égide do capitalismo e, sendo um meio de acumulação de capital, o turismo se utiliza da vulnerabilidade ecológica de determinadas áreas como apelo turístico. Esse fator é influenciado pela ideia de desaparecimento desses ecossistemas e atrativos – no âmago das mudanças climáticas – e pelo imaginário social de “natureza intocada”, que tem relação, também, com a cronopolítica da ecologia e, portanto, com relações de poder.
Palavras-chave: Turismo e Capitaloceno. Acumulação do Capital. Turismo de última chance.
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