O inquietante, o abjeto e a monstruosidade nas tradições de matriz africana
Uma análise sobre Ajogun e Elénìnì
DOI:
https://doi.org/10.34019/2236-6296.2025.v28.47592Palavras-chave:
Ajogun e Elénìnì, Inquietante, Abjeto, Monstruosidade, Cosmologia yorùbáResumo
O presente artigo investiga as figuras dos Ajogun e de Elénìnì na cosmologia yorùbá à luz da teoria do inquietante de Sigmund Freud, da teoria da monstruosidade de Jeffrey Cohen e das noções de abjeto de Julia Kristeva. Tradicionalmente interpretados como forças de adversidade, doenças e oposição espiritual, os Ajogun e Elénìnì transgridem as fronteiras entre o humano e o sobrenatural, evocando sensações de estranhamento e desconforto existencial. Exploramos como essas entidades não apenas representam ameaças externas, mas também refletem tensões internas da subjetividade e das relações sociais. Ao questionar as categorias normativas da modernidade e da ciência ocidental, o estudo sugere que essas figuras desafiam a centralidade humana e abrem espaço para uma ecologia espiritual complexa, onde o mundo é permeado por interações entre seres visíveis e invisíveis.
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