Saber interpretar

Representações e agências dos jinns no Marrocos

Autores

  • Bruno Bartel Professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Piauí (PPGAnt/UFPI)

DOI:

https://doi.org/10.34019/2236-6296.2025.v28.47988

Palavras-chave:

Jinns, Islã, Marrocos

Resumo

Este texto tem como objetivo problematizar as concepções e ações dos gênios (jinns) no imaginário cosmológico islâmico, a partir de um estudo de caso etnográfico realizado no Marrocos. Em vez de restringir a questão à divisão moral entre seres humanos e jinns, argumento que a monstruosidade presente nesses encontros se manifesta por meio dos movimentos de inversão dos sinais simbólicos (ordem/desordem) provocados pelos jinns na interação com os humanos. Essa dinâmica se desenrola em um plano de interseção, no qual a natureza diferenciadora dos jinns desempenha um papel central. Esta pesquisa incorpora a análise dos dados etnográficos produzidos no Marrocos entre janeiro e novembro de 2012, com foco na vila rural de Sidi ‘Ali, situada na província de Fez-Meknes. A análise possibilita elaborar conclusões que esclarecem a natureza das relações entre humanos e jinns, assim como as implicações dessas interações para a compreensão do sagrado, da alteridade e da monstruosidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AL-JERAISY, Khaled. Recueil de fatwas sur l’exorcisation legale. Riyadh: Dar Al Muslim, 2010.

AL-SHA’RAWI, Muhammad. La magie et la jalousie. Paris: Editions Es-salam, 2005.

AOUATTAH, Ali. Interpretations & traitements tradicionnels de la maladie mentale au Maroc: pour une psychiatrie "culturelle” marrocaine. Rabat: Okad, 2008.

AOUATTAH, Ali. Ethnopsychiatrie maghrebine: representations et therapies traditionnelles de la maladie mentale au Maroc. Paris: L’Harmattan, 1993.

AS-SUYUTI, Al-Iman. Les Djinns. Roubaix: Editions La Maktaba, 2009.

BALI, Wahid Abdul-Salam. Guérir la sorcellerie et le mauvais oeil. Bruxelles: Edition Dar Almadina, 2012.

BALI, Wahid Abdul-Salam. La protection de l’hommes des Djinns et de Satan. Beirut: Dar Al-Kotob Al-Ilmiyah, 2010.

BALI, Wahid Abdul-Salam. Comment se protéger des Djinns & Satan? Bruxelles: Edition Dar Almadina, 2009.

BOUDJENOUN, Messaoud. Djinns & Démons: Selon le Coran et la Sunna. Paris: Tawhid, 2009.

CLAISSE-DAUCHY, Renée. Médecine tradionnelle du Maghreb: rituels d’envoûtement et de guérison au Maroc. Paris: L’Harmattan, 1996.

CLAISSE-DAUCHY, Renée; FOUCAULT, Bruno de. Aspects des cultes féminins au Maroc. Paris: L’Harmattan, 2005.

CRAPANZANO, Vincent. Tuhami: Portrait of a Moroccan. Chicago: University of Chicago Press, 1980.

CRAPANZANO, Vincent. The Hamadsha: a Study in Moroccan Ethnopsychiatry. Los Angeles: University of California Press, 1973.

CSORDAS, Thomas. Assímptota do Inefável: Corporeidade, alteridade e teoria da religião. Debates Do NER, v. 1, n. 29, 2016, p. 15–60.

CSORDAS, Thomas. Corpo/significado/cura. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2008.

DIESTE, Josep. ‘Spirits Are Like Microbes’: Islamic Revival and the Definition of Morality in Moroccan Exorcism. Contemporary Islam: Dynamics of Muslim Life, v. 9, n. 1, 2015, p. 45-63.

DOUGLAS, Mary. Pureza e Perigo: ensaio sobre a noção de poluição e tabu. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976.

DRIESKENS, Barbara. Living With Djinns: Understanding and Dealing with the Invisible in Cairo. London: Saqi, 2006.

DOUMATO, Eleanor. Getting God’s Ear. New York: Columbia University Press, 2000.

EL-KAHINA. Secrets et recettes de magie arabe. Paris: Éditions Trajectoire, 2011.

EL-ZEIN, Amira. Islam, Arabs, and the intelligent world of the Jinn. Contemporary Issues in the Middle East. New York: Syracuse University Press, 2009.

GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2008.

HERMANS, Philip. Les guérisseuses au Maroc. Mina, une guérisseuse hors du commun. Les femmes et leur role dans la médecine traditionnelle marocaine. In: BUITELAAR, Marjo (org.) Le Maroc: de près et de loin. Regards d’anthropologues néerlandais. Rabat: Marsam, 2010. p.51-60.

HERTZ, Robert. A proeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa. Religião & Sociedade. Rio de Janeiro, v. 6, 1980, p. 3-25.

LEBLING, Robert. Legends of the Fire Spirits: Jinn and Genies from Arabia to Zanzibar. London : I.B.Tauris, 2010.

LIENHARDT, Godfrey. Divinity and experience: The religion of the Dinka. New York: Oxford University Press, 1961.

MAAROUF, Mohammed. Jinn Eviction as a Discourse of Power: A Multidisciplinary Approach to Moroccan Magical Beliefs and Practices (Islam in África). Leiden & Boston: Brill, 2007.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

NAWAWI, Abu Zakariya Yahia ibn Sharaf an. O Jardim Dos Virtuosos. São Paulo: Ellas Editora Gráfica, 2009.

OTTO, Rudolf. O sagrado: os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. Vozes: Petrópolis, 2007.

PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. Islã: religião e civilização. Uma abordagem antropológica. São Paulo: Editora Santuário, 2010.

RABINOW, Paul. Reflections on Fieldwork in Morocco. Berkeley: University of California Press, 1977.

RAUSCH, Margaret. Bodies, Boundries and Spirit Possession: moroccan women and the revision of tradition. Bielefeld: Transcript, 2000.

SPADOLA, Emilio. Jinn, Islam, and Media in Modern Morocco. In: STAUTH, George and SALVATORE, Armando (orgs.) Yearbook of the Sociology of Islam V. Hamburg: Lit, 2004. p. 142-172.

WESTERMARCK, Edward. Ritual and Beliefs in Morocco (V. I & II). New York: New Hyde Park, 1968.

WESTERMARCK, Edward. The Nature of the Arab Ginn, Illustrated by the Present Beliefs of the People of Morocco. The Journal of the Anthropological Institute of Great Britain and Ireland. London, v. 29, n. 3/4, p. 252-269, 1899.

Downloads

Publicado

2025-08-17

Como Citar

BARTEL, B. Saber interpretar: Representações e agências dos jinns no Marrocos. Numen, [S. l.], v. 28, n. 2, p. 131–148, 2025. DOI: 10.34019/2236-6296.2025.v28.47988. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/numen/article/view/47988. Acesso em: 18 dez. 2025.

Edição

Seção

Dossiê: Monstros e monstruosidades nas expressões religiosas