Eu sou igqirha (curadora): jornada espiritual fenomenológica e experiencial rumo à construção de uma identidade de cura

Autores

  • Lily Rose Nomfundo Mlisa

DOI:

https://doi.org/10.34019/2236-6296.2019.v22.29618

Resumo

Curadores tradicionais são reconhecidos dentro de suas comunidades como possuidores de visão especial, conhecimento intuitivo e habilidades de se conectar e conversar com o universo melhor do que uma pessoa comum. Religiões africanas são dotadas de uma variedade ampla de curadores e práticas de cura tradicionais, usando diversos simbolismos, práticas e interpretações relevantes para a configuração contextual de suas culturas. Enraizadas nessa herança ecológica rica e diversificada das religiões indígenas estão as jornadas espirituais pessoais que retratam modos individuais fenomenológicos e existenciais de construir identidades especiais de cura espiritual plenas de sentido. Identidades de cura são criadas e manifestadas em diferentes espaços sagrados sócio-culturais, físicos e espiritualmente abundantes percorridos por um iniciado. Isto é um dom inato dos ancestrais. A jornada espiritual é abundantemente infestada pela crise e requer resiliência, paixão e fé. Eu ofereço minha jornada pessoal de vida espiritual e fenomenológica na busca tradicional e espiritual por uma identidade de cura construída holisticamente e por uma individuação adequada. A jornada abrange vários estágios com diferenciados crescimento, maturidade e competências a serem adquiridas. O objetivo desta narrativa é múltiplo. É uma resposta a várias experiências de pessoas com que me correspondo, questões e indagações que eu sempre recebo nas conferências e audiências e narrativas singulares compartilhadas por outros que estão tanto no estágio da confusão quanto no da negação, e ainda assim estão conscientes de terem um chamado a ser aceito. A Jornada Ukuthwasa é discutida brevemente e a ontologia histórica de ukuthwasa é mapeada. A discussão aborda as respostas esperadas como resultados baseados em evidência para confirmar a realidade de ukuthwasa e seu valor para o si-mesmo, para a família e para a comunidade em geral. Para destacar como conclusão, narro minhas próprias revelações e reflexões sobre o que poderia ser feito e como eu finalmente adquiri minha identidade de cura e sua relação com o universo em geral.
Eu sou uma igqirha formada de pleno direito, professora, enfermeira e pastora. Exerço Psicologia clínica e fundei uma igreja profetizada, um sonho que eu tive em 2001. Sou também uma das fundadoras de um projeto comunitário para o desenvolvimento rural da minha vila. Todas essas conquistas me foram mostradas em sonhos e eu segue meus sonhos sob circunstâncias muito desafiadoras. Venho de uma família com uma rica linhagem de curadores tanto pelo lado paterno quanto pelo materno, e ainda assim ambos se tornaram cristãos convertidos convictos e ignoraram os ritos culturais. Tornar-se uma curadora não foi fácil.

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Publicado

2020-02-11

Como Citar

NOMFUNDO MLISA, L. R. Eu sou igqirha (curadora): jornada espiritual fenomenológica e experiencial rumo à construção de uma identidade de cura. Numen, [S. l.], v. 22, n. 1, p. 220–239, 2020. DOI: 10.34019/2236-6296.2019.v22.29618. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/numen/article/view/29618. Acesso em: 3 dez. 2024.

Edição

Seção

Religiões Africanas e Afrodiaspóricas