Disciplina, Fantasmagoria e Espetáculo: Técnicas do Observador, de Jonathan Crary
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2019.v13.25742Palavras-chave:
cultura visual, fantasmagoria, teorias da comunicação, disciplina, modernidadeResumo
No intuito de elaborar uma discussão estritamente teórica relativa à conexão empreendida por Jonathan Crary entre os conceitos de espetáculo e a ideia foucaultiana de disciplina, este texto recupera o livro Técnicas do Observador. Este debate procura reler um conjunto específico de argumentos presentes em tal obra, pontualmente aqueles sobre a fotografia, num esforço que, porém, ultrapassa uma reflexão pontual sobre tal técnica. Uma das críticas a Crary esteve no tratamento demasiado breve sobre a imagem fotográfica, tornando difícil perceber o que ali se encontrava em jogo: uma proposição sobre o papel das mídias na constituição da modernidade, na expectativa de indicar em que termos a administração sobre o corpo define certa relação com os sentidos. Aqui, propõe-se que este tema só pode satisfatoriamente compreendido recorrendo-se ao debate relativo a um terceiro problema, explorado de modo muito breve no Técnicas do Observador: o de fantasmagoria, como exposto por Adorno em sua investigação sobre Richard Wagner. A partir daí, tenta-se explorar uma ideia potente em Crary: o elo entre a expansão do conhecimento sobre o biológico e o aumento na habilidade para produzir certas imagens técnicas, recorrendo a ferramentas que sistematicamente escondem a origem do trabalho envolvido, transformando a fotografia num indício de um problema bem mais extenso.
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