v. 26 n. 1 (2020): Dossiê - Identidades e sexualidades hegemônicas e contra-hegemônicas. Feminidades e masculinidades em tempos autoritários
Dossiê

Toda a Biologia é queer: subjetivação e diversidade

José Luís Ferraro
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Publicado 2020-04-18 — Atualizado em 2021-04-28

Versões

Palavras-chave

  • Biologia,
  • Queer,
  • Identidades de gênero e sexual,
  • Individuação,
  • Processos de subjetivação

Como Citar

Ferraro, José Luís. (2020) 2021. “Toda a Biologia é Queer: Subjetivação E Diversidade”. Locus: Revista De História 26 (1):172-88. https://doi.org/10.34019/2594-8296.2020.v26.29804.

Resumo

Ao sustentar o argumento de que toda a Biologia é queer o presente trabalho tem como objetivo jogar luzes sobre a importante discussão que diz respeito ao uso equivocado do conhecimento biológico frente à complexidade da temática da construção das identidades de gênero e sexual. A instrumentalização negativa dessa ciência e a ingenuidade relacionada à sua compreensão discursiva produzem uma série de erros comumente utilizados para a manutenção dos corpos queer em uma condição de anormalidade no interior de uma sociedade patriarcal, heteronormativa e binária. Assim, o artigo pretende mostrar que a Biologia se funda por essência na – e pela – biodiversidade e que sua epistemologia compreende os modos de existência queer, embora não exista nenhum tipo de determinismo biológico, mas arranjamentos singulares responsáveis pela constituição dessas subjetividades – processos de individuação relacionados às formas de desejo, aos modos de afecção e às performances, produzindo na condição contra-hegemônica dos sujeitos queer formas de resistências possíveis.

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