Escrita de pré-universitários sob o prisma dialógico da língua(gem)
DOI:
https://doi.org/10.34019/1808-9461.2023.v24.38165Keywords:
Dialogismo. Redação do Enem. Alteridade. Escrita.Abstract
Este artigo decorre de análises que dizem respeito a duas Redações do Enem centradas em aspectos relativos às formas pelas quais o escrevente dialoga com os seus destinatários no processo de escrita. Tem-se por objetivo a busca e a análise de como o escrevente, na seção do desenvolvimento no gênero discursivo Redação do Enem, dialoga com (i) a voz social da academia, o [ex]-professor da Educação Básica ou Cursinho e a banca avaliadora; e (ii) com as noções de alteridade, exotopia, excedência de visão e cronotopo do endereçamento, de maneira a desvelar imagens de si e do outro, provocando naquele a sensação de estar vendo imagens desejadas de si. Para tal, as redações que constituem nosso corpus de análise foram selecionadas, organizadas e recortadas, tendo como ponto de vista metodológico o olhar de Ginzburg (1989, 2006), ancorado no Paradigma Indiciário e no excedente de visão na instância do olhar do pesquisador para a singularidade dos dados. Como base teórico-metodológica, tem-se a perspectiva dialógica da língua(gem), descendente do Círculo de Bakhtin, considerando-se a inter-relação entre alteridade, exotopia, excedência de visão, cronotopo e cronotopo do endereçamento (BORGES, 2017). Os resultados indicam que o escrevente refrata a si e ao outro em seu percurso pela escrita, desvelando imagens e construindo pontos de encontro que se configuram o cronotopo do endereçamento. Com esta reflexão, visamos à contribuição para o ensino da escrita com base na explicitação da não gratuidade do que o escrevente faz na redação em seu diálogo com o(s) destinatário(s).