Entrecruzamento de desigualdades: gênero e maternidade na carreira de médicas de família e comunidade
DOI:
https://doi.org/10.34019/1809-8363.2022.v25.35434Palavras-chave:
Medicina de Família e Comunidade, Gênero, Maternidade, Mulheres TrabalhadorasResumo
O estudo da crescente feminização da área da Medicina de Família e Comunidade coloca na agenda de estudiosos a preocupação com os fatores e impactos dessa tendência nas trajetórias das carreiras das médicas, principalmente daquelas que estão exercendo suas atividades em áreas periféricas. O objetivo do estudo do qual resulta este artigo foi compreender como as médicas justificam suas escolhas e permanências no exercício da Medicina de Família e Comunidade, mesmo em contextos considerados potencialmente violentos. Realizamos uma investigação de caráter qualitativo, que dialogou com aspectos da cartografia, a partir de entrevistas realizadas com oito médicas de família que se fixaram em áreas de alta vulnerabilidade social em uma capital brasileira. A análise dos enunciados apontou para o gênero como o eixo marcador de diferença, destacando o empuxo exercido pela maternidade, o conceito gênero em sua dinâmica interseccional. Identificamos que a responsabilização pelo cuidado permanece impactando o processo decisório das mulheres, (re)definindo o equilíbrio entre vida pessoal/familiar e trabalho e (de)limitando as trajetórias de suas carreiras.