Uso do preservativo feminino como método contraceptivo: Experiências de mulheres em uma unidade básica de saúde no município de Juazeiro do Norte - CE
Palabras clave:
preservativo, contracepção, planejamento familiar, negociação, pesquisa qualitativaResumen
O preservativo feminino é uma forma de contracepção que permite à mulher ter maior controle sobre seu corpo, mas não é oferecido na maioria das unidades de saúde, o que favorece o baixo conhecimento das mulheres sobre ele. Este estudo objetivou investigar as experiências de mulheres de uma Estratégia Saúde da Família em Juazeiro do Norte – CE, a respeito do preservativo feminino como contraceptivo. Trata-se de um estudo exploratório e qualitativo, realizado em abril de 2009, que se desenvolveu em etapas: captação das mulheres através de convites para participação de atividade educativa para apresentação do insumo, realização das atividades, formação de pequenos grupos para um segundo encontro educativo e, após este momento, experimentação individual de uma unidade do insumo no consultório de enfermagem para obtenção das impressões iniciais do método, experimentação do insumo por um mês em domicílio e retorno para realização de entrevistas semiestruturadas. Vinte mulheres participaram do estudo, a maioria com idade superior a 25 anos, casadas, com média de dois filhos, domésticas, e utilizando contraceptivos hormonais. Grande parte delas demonstrou surpresa ao primeiro contato e espanto com o modelo em decorrência de seu tamanho. Depois do uso, a maioria relatou impressão positiva, embora revelassem dificuldades de manuseio e introdução do mesmo em vagina devido à excessiva lubrificação. Questionadas frente à opção contraceptiva, as mulheres aprovaram o modelo como contraceptivo, especialmente em substituição aos contraceptivos hormonais por estes causarem inúmeros efeitos colaterais. No entanto, a substituição não é feita na prática, muitas vezes por consequência da desaprovação do companheiro em relação ao mesmo, o que revela, nessas mulheres, a necessidade de obediência ao companheiro. Observa-se assim que, na prática, o preservativo feminino torna-se refém das relações de gênero. Por isso, é importante garantir a estas mulheres não somente o contato com o preservativo feminino, mas também a participação, delas e de seus companheiros, em atividades educativas que enfoquem temáticas relacionadas ao gênero, sexo, sexualidade, emponderamento, acordos e trocas sexuais, uma vez que somente desta forma as mulheres poderão assumir o controle de seus corpos e tornarem-se sujeito na transformação e proteção de suas vidas.