Espólios Simbólicos da "guerra de facções" em Pelotas/RS
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2024.v19.43428Resumo
Este artigo analisa as marcações representadas por pichações e tatuagens feitas por ou em nome de facções no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Em uma pesquisa de inspiração etnográfica que durou dois anos, essas marcações foram reunidas em 55 fotografias e seus significados aclarados por 37 atores-chave entrevistados, figurando entre eles policiais, pesquisadores, ativistas da causa carcerária e indivíduos autointitulados membros de facções. Por intermédio desse conjunto de dados, investigamos o desfecho da guerra entre coletivos rivais, ocorridos entre 2015 e 2018, e o legado imagético que imprimiu a presença das facções no espectro municipal, perdurando até o presente momento. No tocante aos espólios simbólicos da guerra, agrupam-se no termo “marcações” as tatuagens e pichações, acrescidas do footing ou o alinhamento dos sujeitos ao ideário comunicacional das facções, enquanto um conjunto de elementos visualmente firmados no cotidiano e no ambiente. Concluímos que as marcações representam um valioso recurso ao trabalho investigativo e um dado sólido, capaz de contribuir com a construção de medidas preventivas à violência, informando, nesse caso, a hegemonia exercida por uma única facção.