A morte como horizonte?

Notas sobre suicídio, racismo e necropolítica.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/2318-101X.2021.v16.30795

Resumo

O racismo, dispositivo de exclusão e hierarquização ontológica, marca nos corpos e subjetividades negras, o signo da morte. Levando em consideração os efeitos da desumanização e os sofrimentos de origem racial, objetivou-se produzir uma reflexão da morte-suicídio em sua interface com o racismo à luz do conceito da necropolítica. O suicídio na população negra brasileira é um fenômeno que remete ao racismo estrutural, cuja força das experiências de pobreza, de não pertencimento, desemprego, humilhações, violências, etc., são condicionantes que se associam ao adoecimento físico e psíquico, bem como correspondem aos fatores de risco reconhecidos pela suicidologia. Sendo a necropolítica uma forma de governabilidade que expõe e condena à morte, regulando inclusive a vontade de viver, aposta-se na ideia do racismo, homicídio e suicídio das pessoas negras como partes do mesmo pacote genocida acionado historicamente pelo Estado brasileiro. Por último, baseado em um estudo empírico, foi tecida uma análise acerca do silenciamento do racismo na produção em saúde. A existência negra precarizada em suas múltiplas facetas, a estatística crescente, a ausência de categorias raciais, bem como a sugestiva relação entre a interdição do discurso e a desumanização das mortes, promulga a racialização do suicídio como imperativo ético.

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Biografia do Autor

Francisco Phelipe Paz, Universidade de Brasília

Historiador, Mestre em Preservação do Patrimônio Cultural, Mestre em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional. Integrante do Núcleo de Estudos em Filosofia Africana - Exu do Absurdo e do Grupo de Estudos sobre Religiões afro-brasileiras - Calundu

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Publicado

2021-07-05 — Atualizado em 2021-07-05

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