De algumas vontades de saber na neurociência: a saga dos cérebros sexuados
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2020.v15.30215Resumo
A busca pela natureza biológica de diferenças relativas a gênero e sexualidade não é exatamente nova na história das ciências do humano, bem como a procura pela ancoragem corporal de características comportamentais, emocionais e morais. Todavia, a articulação entre cérebro e sexo / orientação sexual é algo que tem ganhado novas facetas, densidade e difusão desde as últimas décadas do século XX. Neste artigo, analisamos uma série de produções neurocientíficas que compõe uma agenda de pesquisas específica voltada para a neurobiologia do comportamento sexual. A partir do delineamento de controvérsias mobilizadas ao longo dos anos abarcados pelo programa neurocientífico em questão e alguns dos artigos dele resultantes, discutimos como se constroem dados sobre o dimorfismo sexual cerebral e da cerebralização da orientação dos desejos sexuais por meio de estruturas que articulam de modo intrínseco e característico um arraigado dualismo de sexo-gênero com concepções heteronormativas em torno da sexualidade humana.