Comparações odiosas: incomensurabilidade, o estudo de caso e “pequenos N's” em sociologia
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2019.v14.29396Resumo
Estudos de caso e “comparações com amostras pequenas” têm sido atacados por duas frentes, a positivista e a incomensurabilista. Ao mesmo tempo, alguns autores têm defendido comparações com amostras pequenas como forma de permitir que os pesquisadores qualitativos atingissem certo grau de cientificidade, ainda que que tenham rejeitado o estudo de caso como meramente “ideográfico”. Os partidários do estudo de caso, às vezes, concordam com estas críticas, rejeitando todas as reivindicações à cientificidade. Um conjunto de discordâncias relacionadas ao tema diz respeito ao papel e à natureza da teoria social na sociologia, que, às vezes, é descrita como inútil e parasitária e, outras vezes, como evoluindo em um emblemático isolamento em relação à pesquisa empírica. Essas três formas de atividade sociológica – análise comparativa, estudos de casos individuais e teoria social – são defendidas aqui a partir do ponto de vista do realismo crítico. Neste artigo eu primeiro reconstruo, com base em traços amplos, a estrutura epistemológica e ontológica dominante na sociologia dos EUA no pós-guerra. As próximas duas seções discutem várias críticas positivistas e incomensurabilistas dirigidas à comparação e aos estudos de caso. As últimas duas seções propõem uma compreensão da comparação como operando ao longo de duas dimensões, eventos e estruturas, e oferece uma ilustração da diferença e da relação entre os dois.