Notas sobre práticas de jardinagem, relações mercadológicas e seus efeitos na produção e reprodução da “cultura canábica”
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2020.v15.29331Resumo
A presente proposta se estrutura a partir da interlocução, já construída pelos autores, com pessoas que, no Rio de Janeiro, se dedicam, por diferentes motivos, a práticas de jardinagem visando colher maconha (Cannabis sativa L.). Muitos destes cultivadores são também pessoas que militam por formas menos proibicionistas de regular a produção, circulação, mercados e consumos dessa planta. Para estes, plantar para consumo próprio, procurando não capitalizar as redes criminosas que controlam a venda no varejo deste produto através das chamadas “bocas de fumo”, são palavras de ordem postas em prática. Por isso quase que totalmente se mostraram refratários a práticas de mercado envolvendo seus cultivos, embora este possa se configurar um negócio bastante lucrativo na cidade do Rio de Janeiro. Neste trabalho que agora propomos, pretendemos, por outro lado, focar em processos de cultivos domésticos dedicados à venda do produto em mercados clandestinos. A metodologia empregada será a leitura de processos nos quais pessoas já incriminadas na justiça por tais práticas figuram como réus, e também material produzido a partir de entrevistas com advogados e ativistas antiproibicionistas.