“Ceder”: um instrumento para análise da ação
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2020.v15.27874Resumo
O presente artigo tem como objetivo propor um instrumento para a análise de certas ações e categorização de formas de agência que não têm necessariamente a resistência à norma como alvo inicial. Ainda durante a confecção de minha dissertação de mestrado (em que entrevistei três homens trans), me deparei com a declaração, de um de meus informantes, de que, em dadas circunstâncias da vida social, suas opções se resumiam a “lidar ou morrer”. Partindo, então, das noções de sujeito e reconhecimento em Judith Butler (2015, 2017), procuro aqui sugerir como algumas pessoas que nem sempre são reconhecidas dentro de determinados ambientes normativos, ainda assim exercem agência – através do que chamei de “ceder”. Para tanto, busco sustentação nas concepções de identidade de Stuart Hall (2005) e, novamente, Butler, bem como em noções de interação social (MEAD, 2018) e representação (GOFFMAN, 2002). Por fim, me valho do entendimento de agência de Saba Mahmood (2006) - um que expande a noção de agência para além da lógica de subordinação e subversão das normas, como presente no pensamento feminista pós-estruturalista.