Mulheres possíveis: a construção social da mulher nas experiências da transexualidade
DOI:
https://doi.org/10.34019/2318-101X.2018.v13.12399Resumo
A proposta central deste trabalho é, a partir de uma análise socioantropólogica, refletir e apresentar alguns elementos que colaboram na construção social de se compreender como mulher nas experiências da transexualidade, levando em consideração o processo de socialização existente na sociedade ocidental, processo esse que modela as nossas subjetividades por meio de binarismos de gênero e do corpo. Para tanto, desde 2012 tenho entrevistado mulheres transexuais, na tentativa de conseguir compreender como são os elementos recorrentes nesse processo de construção do ser mulher a partir de uma experiência constantemente questionada e deslegitimada, como é a experiência da transexualidade em nossa sociedade. A partir do método História de Vida, pude perceber nas trajetórias dessas mulheres experiências comuns e outras que eram peculiares a cada trajetória, mas em todos os relatos apareciam, sobretudo, situações de negligências de instituições sociais estruturantes de nossa sociedade, a saber: família, escola e igreja. Em suma, nas histórias de vida dessas mulheres é notória uma busca constante do “se pensar como mulher”, assim como nos relatos diversos percebe-se o não reconhecimento dessa experiência como sendo possível, pois a nossa sociedade constantemente tenta colocá-las no que eu denominei de liminaridade permanente.