Da câmara subjetiva à falsa objetividade das imagens no cinema: apontamentos sobre duas experiências limite

Autores/as

  • Mirian Tavares Universidade do Algarve

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2019.v13.26081

Palabras clave:

Imagem, Cânone, Representação, Câmara Subjetiva

Resumen

Através da análise de um aspeto morfológico do dispositivo cinematográfico, a câmara subjetiva, procuro apresentar modelos divergentes de utilização do cânone e processos alternativos de projeção/identificação pela imagem. O recurso à câmara subjetiva está associado, geralmente, a momentos de grande tensão quando se espera uma maior aderência do espectador ao ecrã : vemos através dos olhos das personagens e assim aumenta a sensação de envolvimento, e de presença, do filme em nós e de nós mesmos dentro do espaço diegético. Raramente a câmara subjetiva é /foi utilizada durante todo o filme, apagando assim o corpo das personagens do ecrã, porque se sabe que o mundo das imagens é o mundo da sedução e do reconhecimento que se dá pelo corpo projetado, e idealizado, que se (im) põe ao nosso olhar. Não nos podemos esquecer devque a imagem do ecrã é um constructo ideológico que faz parte da tradição artística ocidental. Os artistas do início do século XX pretenderam desmistificar o cânon e demonstrar que tudo na arte era sempre fruto de uma construção. Este modelo de representação, negado pelas vanguardas, foi absorvido pela fotografia e pelo cinema e, apesar dos discursos divergentes que hoje atravessam o discurso canônico ocidental, ainda perduram reproduções e replicações deste modelo, dentro e fora do espaço europeu.

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Biografía del autor/a

Mirian Tavares, Universidade do Algarve

Professora Associada da Universidade do Algarve. Com formação académica em Ciências da Comunicação, Semiótica e Estudos Culturais,doutorou-se em Comunicação e Cultura Contemporâneas, na Universidade Federal da Bahia. E-mail: miriantavar@gmail.com

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Publicado

2019-04-30

Cómo citar

TAVARES, M. Da câmara subjetiva à falsa objetividade das imagens no cinema: apontamentos sobre duas experiências limite. Lumina, [S. l.], v. 13, n. 1, p. 122–131, 2019. DOI: 10.34019/1981-4070.2019.v13.26081. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/26081. Acesso em: 18 jul. 2024.