Em busca de uma “imagem crítica”: memória, ausências e dor em A imagem que falta, de Rithy Panh

Autores

  • Marcelo Gil Ikeda Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2018.v12.21503

Palavras-chave:

imagem, memória, sofrimento, documentário, Khmer Vermelho

Resumo

O objetivo deste artigo é explorar a relação entre imagem, identidade e memória na obra do cineasta cambojano Rithy Panh, em especial a partir de um dos seus filmes, A imagem que falta (2013). Procuramos analisar as opções éticas e estéticas do realizador, ao buscar representar a experiência de sobreviver aos campos de trabalho forçado no regime do Khmer Vermelho, como modo de conviver com a dor e o sofrimento. O realizador Rithy Panh parte do cinema em primeira pessoa, ou seja, de suas memórias singulares, para buscar não simplesmente um método de cura, mas uma forma de prolongamento de sua experiência pessoal, visando a uma memória coletiva, em busca das ruínas ou dos vestígios no presente da identidade do povo cambojano. Seu sofrimento individual se transforma, então, em uma poética de uma dor coletiva. A partir dos conceitos de “imagem crítica” e “imagem aurática”, conforme desenvolvidos por Didi-Huberman, em seu livro O que vemos, o que nos olha (2010), o artigo pretende examinar as opções do realizador,ao aproximar o espectador do que foi o massacre, ao mesmo tempo em que o mantém a certa distância, preservando-nos de nos aproximar em demasia do horror.

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Biografia do Autor

Marcelo Gil Ikeda, Universidade Federal do Ceará

Professor do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor dos livros “Cinema brasileiro a partir da retomada: aspectos econômicos e políticos”, “Cinecasulofilia”, “Cinema de garagem”, entre outros. Contato: marcelogilikeda@gmail.com.

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Publicado

2018-08-30

Como Citar

IKEDA, M. G. Em busca de uma “imagem crítica”: memória, ausências e dor em A imagem que falta, de Rithy Panh. Lumina, [S. l.], v. 12, n. 2, p. 136–149, 2018. DOI: 10.34019/1981-4070.2018.v12.21503. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/21503. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Comunicação, Condição da Vítima e Políticas de Sofrimento