Baile encerrado, pancadão silenciado: a ação policial no baile de Paraisópolis (São Paulo)

Autores

  • Igor Lacerda Universidade do Estado do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0002-6347-4356
  • Ricardo Ferreira Freitas Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2023.v17.37192

Palavras-chave:

Lazer, Evento de Rua, Baile Funk, Paraisópolis, Violência

Resumo

Este artigo tem como objetivo examinar as narrativas dos jornais O Globo e Folha de São Paulo sobre a invasão da polícia militar à festa funk em Paraisópolis, localizada na zona sul da capital paulista, para identificar significados sobre a festa e a comunidade. A ação policial ocorreu durante a madrugada do dia primeiro de dezembro de 2019 encerrando o evento que reuniu cerca de cinco mil participantes, resultando em nove mortos pisoteados e doze feridos. Foram analisadas duas narrativas: “Baile reúne 5.000 nas ruas e movimenta comércio local”, publicado pela Folha de São Paulo, e “Após mortes em baile funk em São Paulo, 'lei do silêncio' reina em Paraisópolis”, publicado por O Globo, ambas em dois de dezembro de 2019. Como metodologia, será utilizada a análise narrativa, seguindo as orientações de Ricoeur (1994). Neste trabalho, vemos as narrativas capazes de representar os acontecimentos em cada tempo e espaço histórico, possibilitando a produção de sentidos sobre os grupos e seus universos. Como resultado, as narrativas de O Globo foram cíclicas, tentando manter os leitores com as mesmas percepções sobre baile funk e violência. Por outro lado, a narrativa da Folha de São Paulo foi espiralada porque, por meio da pluralidade de vozes, produziu novos sentidos sobre esse universo.

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Biografia do Autor

Igor Lacerda, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutorando em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCom UERJ - Bolsista CAPES). Mestre em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Graduado em Comunicação pela Universidade Veiga de Almeida. Pesquisador no Laboratório de Comunicação, Cidade e Consumo (LACONUERJ).

Ricardo Ferreira Freitas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professor Titular da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor em Sociologia pela Université René Descartes - Paris V. Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduado em Comunicação Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador PQ2 do CNPQ e Cientista do Nosso Estado da Faperj.

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Publicado

2023-04-30

Como Citar

LACERDA, I.; FREITAS, R. F. . Baile encerrado, pancadão silenciado: a ação policial no baile de Paraisópolis (São Paulo). Lumina, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 195–209, 2023. DOI: 10.34019/1981-4070.2023.v17.37192. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/37192. Acesso em: 26 abr. 2024.