Baile encerrado, pancadão silenciado: a ação policial no baile de Paraisópolis (São Paulo)
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2023.v17.37192Palavras-chave:
Lazer, Evento de Rua, Baile Funk, Paraisópolis, ViolênciaResumo
Este artigo tem como objetivo examinar as narrativas dos jornais O Globo e Folha de São Paulo sobre a invasão da polícia militar à festa funk em Paraisópolis, localizada na zona sul da capital paulista, para identificar significados sobre a festa e a comunidade. A ação policial ocorreu durante a madrugada do dia primeiro de dezembro de 2019 encerrando o evento que reuniu cerca de cinco mil participantes, resultando em nove mortos pisoteados e doze feridos. Foram analisadas duas narrativas: “Baile reúne 5.000 nas ruas e movimenta comércio local”, publicado pela Folha de São Paulo, e “Após mortes em baile funk em São Paulo, 'lei do silêncio' reina em Paraisópolis”, publicado por O Globo, ambas em dois de dezembro de 2019. Como metodologia, será utilizada a análise narrativa, seguindo as orientações de Ricoeur (1994). Neste trabalho, vemos as narrativas capazes de representar os acontecimentos em cada tempo e espaço histórico, possibilitando a produção de sentidos sobre os grupos e seus universos. Como resultado, as narrativas de O Globo foram cíclicas, tentando manter os leitores com as mesmas percepções sobre baile funk e violência. Por outro lado, a narrativa da Folha de São Paulo foi espiralada porque, por meio da pluralidade de vozes, produziu novos sentidos sobre esse universo.
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