Da câmara subjetiva à falsa objetividade das imagens no cinema: apontamentos sobre duas experiências limite
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2019.v13.26081Palavras-chave:
Imagem, Cânone, Representação, Câmara SubjetivaResumo
Através da análise de um aspeto morfológico do dispositivo cinematográfico, a câmara subjetiva, procuro apresentar modelos divergentes de utilização do cânone e processos alternativos de projeção/identificação pela imagem. O recurso à câmara subjetiva está associado, geralmente, a momentos de grande tensão quando se espera uma maior aderência do espectador ao ecrã : vemos através dos olhos das personagens e assim aumenta a sensação de envolvimento, e de presença, do filme em nós e de nós mesmos dentro do espaço diegético. Raramente a câmara subjetiva é /foi utilizada durante todo o filme, apagando assim o corpo das personagens do ecrã, porque se sabe que o mundo das imagens é o mundo da sedução e do reconhecimento que se dá pelo corpo projetado, e idealizado, que se (im) põe ao nosso olhar. Não nos podemos esquecer devque a imagem do ecrã é um constructo ideológico que faz parte da tradição artística ocidental. Os artistas do início do século XX pretenderam desmistificar o cânon e demonstrar que tudo na arte era sempre fruto de uma construção. Este modelo de representação, negado pelas vanguardas, foi absorvido pela fotografia e pelo cinema e, apesar dos discursos divergentes que hoje atravessam o discurso canônico ocidental, ainda perduram reproduções e replicações deste modelo, dentro e fora do espaço europeu.
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