Publicado 2023-08-01
Palavras-chave
- História da Arte,
- Era Vargas,
- Nazismo,
- DOPS,
- Pro Arte
Como Citar
Copyright (c) 2022 Liszt Vianna Neto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Resumo
Este artigo aborda as tensões que surgem na Pro Arte, associação de artistas e “amantes" das artes alemãs, a partir de sua tomada pelas autoridades alemãs no Brasil ao final de 1933. Após o Putsch, a associação passou a ser um centro de difusão de propaganda nazista, o que gerou reações tardias do aparato repressor do Estado Novo e da imprensa nacional após a declaração de Guerra aos países do Eixo em 1942. A trajetória da Pro Arte, fundada em 1931, fora precedida pela atuação de seu principal fundador, Theodor Heuberger, que organizava exposições desde 1924. Na Pro Arte, Heuberger tramou cooperações internacionais com a Deutsche Akademie München e a Deutscher Werkbund, duas instituições de prestígio no campo das humanidades e das artes na Alemanha. Os Salões da Pro Arte, organizados por Alberto Guignard, integraram brasileiros e alemães, modernistas e acadêmicos, comunistas e nacionalistas, etc. Sua politica cultural, baseada em exposições, publicações, cursos de línguas, bolsas de estudos, intercambio de artistas e cientistas, etc. Alcançando quase um milhar de associados, a Pro Arte se destacou muito dentre a Deutschtum nacional, o que atraiu a atenção das autoridades alemãs. Curiosamente, a perseguição do aparato repressor do Estado Novo, especialmente do DOPS, não impactou diretamente a Pro Arte, dado que esta era uma instituição cultural brasileira. Os relatos do DOPS contém informações desencontradas, erros grosseiros e todo tipo de especulação - sendo que os danos mais graves à associação se deram nas manchetes dos jornais. Os ecos da propaganda e da política cultural nazista no Brasil através da Pro Arte são o principal objeto desse artigo.
Downloads
Referências
- Altberg, Alexander. Memórias. Rio de Janeiro: 2008.
- Antônio, Paulo. Em defesa da Crítica. Folha da Tarde, 26 de março de 1942.
- Carvalho, Augusto de. Ocupada pela polícia a sede da 'Pro Arte Brasil', em Curitiba. Diário de
- Notícias, 25.3.1942
- Catálogo da Exposição de 1928, Ata 0003 (1928). Arquivo do centro cultural FESO – Pro Arte,
- Teresópolis
- Deutsche Akademie. Ata R57 2560, 09.01.1934. Bundesarchiv, Lichterfelde, Berlim.
- Dietrich, Ana Maria. Caça às suásticas: o partido nazista em São Paulo sob a mira da polícia política,
- No.1 - Nazismo. São Paulo: FAPESP, IMESP, HUMANITAS, 2007.
- Dietrich, Ana Maria. Nazismo Tropical? O partido Nazista no Brasil. Tese de Doutorado defendida
- em 2007 pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
- Dutra, Eliana Regina de Freitas. O ardil totalitário: imaginário político no Brasil dos anos 30. Rio de
- Janeiro: Ed. da UFRJ; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997.
- Dutra, Eliana Regina de Freitas. O fantasma do outro, espectros totalitários na cena política
- brasileira nos anos 30. Revista Brasileira de História, São Paulo, n.23-24, 1991-1992.
- Dossiê Editora Vozes Ltda. Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. Série Alemão, notação 11,
- dossiê 16, Pasta 11, P-18, 27 de setembro de 1941
- Estrutura e organização interna [da AO no Brasil] Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. Coleção
- Polícia Política. Série Alemão, Dossiê 1, folhas 289.
- Gertz, René Ernani. O Perigo Alemão. Porto Alegre: UFRGS, 1998.
- Gertz, René E. “Descendentes de alemães no Rio Grande do Sul após a Segunda Guerra Mundial.
- Anais... XXVIII Simpósio Nacional de História. Florianópolis, 2015.
- Guarnieri, Rossini Camargo. Koellreuter, Charlatão e Plagiário. Revista Fundamentos, Ano V, n. 28,
- junho de 1952.
- Harvolk, Edgar. Eichenzweig und Hakenkreuz. Die Deutsche Akademie in München (1924–1962)
- und ihre volkskundliche Sektion. München: Münchner Vereinigung für Volkskunde, 1990.
- Heuberger, Theodor. Prontuário 37.006. Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro - APERJ.
- Coleção Polícia Política, Série Prontúarios GB.
- Koellheuter, H. J. Carta a Paulo Bittencourt, diretor do Correio da Manhã, sobre Eurico Nogueira.
- Arquivo Koellreutter, UFSJ, 28 de abril de 1946. Arquivo não catalogado.
- Lacerda, Carlos. Rosas e pedras de meu caminho. 1974
- Lacerda, Carlos. Diretrizes, no
- .13, abril de 1939.
- Leo Putz, 1869-1940: Von der Scholle nach Südamerika. Neues Stadtmuseum, Landsberg a. Lech,
- Martins, Amélia Rezende Martins. Reflexões Contemporâneas. Rio de Janeiro: 1931.
- Martins, Amélia Rezende Martins. Idealizador Realizador: Barão Geraldo Rezende Martins. Rio de
- Janeiro: Editora Laemmert, 1939.
- Martins, Maria Amélia de Rezende. O insignificante Enio. Correio do Povo, 23 de março de 1942.
- Müller, Erich. À Pro Arte. R57 2560, 22.11.1933. Bundesarchiv, Lichterfelde, Berlim.
- Müller, Jürgen. Nationalsozialismus in Lateinamerika: Die Auslandsorganisation der NSDAP in
- Argentinien, Brasilien, Chile und Mexiko, 1931-1945. Akademischer Verlag Stuttgart, 1997.
- O que é Pró-Arte?. Estado de Minas, 25 de fev de 1939.
- Paulo, Heloísa H. J. Aspectos da ação do DIP: a divulgação da censura e a censura da divulgação.
- LPH. Revista de História, v. 1, 1990.
- Perlanda, Ernesto, Diário de Notícias, 28.3.1942.
- Perlanda, Ernesto. A sociedade Pro Arte era subvencionada pela embaixada alemã. Diário da Noite,
- 04.1942.
- Pro Arte, 45 anos, Intercâmbio cultural. Intercâmbio, separata da revista, n.10,12. Rio de Janeiro: Pro
- Arte, 1969.
- Resposta ao Diário de Notícias de Porto Alegre, 29 de março de 1942. Ata 0023, (1940-1942).
- Arquivo do centro cultural FESO - Pro Arte.
- Seyferth, Giralda. “Os imigrantes e a campanha de nacionalização do Estado Novo”. Pandolfi,
- Dulce (Org.) Repensando a Era Vargas. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.
- Sinzig, Pedro Frei. Em plena guerra: Scenas da actualidade. Petrópolis: Typographia das Vozes de
- Petrópolis, 1o
- e 2o milheiro, 1912.
- Sinzig, Pedro Frei. Reminescências d’Um Frade. Petrópolis: Editora Vozes de Petrópolis, 1917.
- Sitzung auf den Deutschen Gesandtschaft. R57 2560, 24.11.1933, Bundesarchiv, BerlinLichterfelde.
- Unterberger, Siegfried; STRIMMER, Ute (Org.). Als München leuchtete, Die Künstlergruppe
- “Scholle” und Leo Putz. München: Edition Minerva, 2009.
- Zen, Erick Reis Godliauskas. Imigração e revolução: Lituanos, poloneses e russos sob vigilância do
- DEOPS. São Paulo: Edusp, 2010.