v. 27 n. 1 (2021): Dossiê - Visões da História Chinesa
Seção Livre

A Mercantilização do Fruto de Ixcacao: o Cacau do Grão-Pará e o Consumo do Chocolate na Europa (Séculos XVII e XVIII)

Diego de Cambraia Martins
FFLCH/USP
André Luiz Sales Melo
Universidade Federal Fluminense

Publicado 2021-05-13

Palavras-chave

  • Cacau,
  • Produção Colonial,
  • Amazônia Portuguesa,
  • História do Consumo,
  • Mercado Europeu

Como Citar

de Cambraia Martins, Diego, e André Luiz Sales Melo. 2021. “A Mercantilização Do Fruto De Ixcacao: O Cacau Do Grão-Pará E O Consumo Do Chocolate Na Europa (Séculos XVII E XVIII)”. Locus: Revista De História 27 (1):229-51. https://doi.org/10.34019/2594-8296.2021.v27.30890.

Resumo

Neste artigo pretendemos abordar a cadeia mercantil da principal mercadoria exportada do porto de Belém, o cacau. Trataremos de questões tais como a cobrança de tributos sobre a extração, organização dos primeiros cacauais manejados pelos colonos, sua exploração mais sistemática, usos da mão-de-obra, além das flutuações das exportações e seus resultados para a capitania do Grão-Pará. Intentamos também desvelar alguns aspectos de seu consumo na Europa, sua popularização no paladar da aristocracia europeia, bem como da burguesia e como isso impactou na produção do cacau, não só na região da Amazônia lusitana, como também no Estado do Brasil. Nosso recorte vai de meados do século XVII, quando o cacau começa a surgir na documentação portuguesa e finaliza em 1807, pois com a chegada da Corte no Brasil, no ano seguinte, houve uma mudança significativa no status da relação colônia x metrópole.

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