Manutenção dos benefícios obtidos durante a Reabilitação Cardiovascular Ambulatorial com programa de exercício físico não supervisionado após a alta

Autores

  • Mariana Balbi Seixas Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Vinícius Faria Weiss Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Lilian Pinto da Silva Universidade Federal de Juiz de Fora

Palavras-chave:

reabilitação, exercício físico, fisioterapia

Resumo

A finalidade da última fase da Reabilitação Cardiovascular (RCV) é a manutenção e/ou aprimoramento dos benefícios adquiridos nas fases anteriores, estando o paciente apto a realizar exercícios físicos sem supervisão.  Diante disso, este trabalho objetiva verificar se um programa de exercício físico não supervisionado promove manutenção de variáveis relacionadas ao quadro clínico e funcional de pacientes que obtiveram alta de um Programa de RCV. Antes da alta, nove pacientes receberam prescrição individualizada e foram orientados a manterem a prática de exercícios físicos aeróbicos realizando automonitoramento da intensidade. Antes e após 3 e 6 meses de alta eles foram avaliados quanto a capacidade funcional, qualidade de vida, medidas hemodinâmicas e antropométricas, barreiras à prática e frequência de realização dos exercícios, além de passarem por coleta dos batimentos cardíacos para avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), cujos índices foram analisados de forma descritiva por meio de box plots. Para as demais variáveis foi empregado o teste de Shapiro-Wilk, seguido pelo teste de Friedman ou ANOVA para medidas repetidas. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as avaliações para nenhuma das variáveis pesquisadas, assim como não houve evidência de mudança nos índices de VFC expressos em potência absoluta. O comportamento dos índices de VFC, expressos em unidades normalizadas, sugere redução destas medidas. Assim, o programa de exercício físico não supervisionado investigado foi eficiente em promover manutenção das variáveis acompanhadas. Porém, a alteração dos índices de VFC relacionados ao balanço autonômico, sugere um possível prejuízo do controle autonômico cardíaco ao longo do acompanhamento.

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Biografia do Autor

Mariana Balbi Seixas, Universidade Federal de Juiz de Fora

Fisioterapeuta graduada em 2013 pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Cursou um ano e meio de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto no Hospital Universitário de Juiz de Fora (março/2013 à setembro/2014). No momento atua como Fisioterapeuta Técnico-administrativo em Educação na UFJF e cursa pós-graduação em Fisioterapia Pneumofuncional na Faculdade Suprema de Juiz de Fora.

Vinícius Faria Weiss, Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

Possui graduação em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (2009), possui pós-graduação em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Universidade Católica de Petrópolis (2010). Atualmente é Fisioterapeuta especialista da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), onde atua na assistência de pacientes internados nas unidades de Enfermaria e Terapia Intensiva; e Fisioterapeuta do Hospital Universitário (HU) - UFJF, atuando junto aos acadêmicos do último período da Faculdade de Fisioterapia através do estágio em Atenção Secundária II das disciplinas de Fisioterapia Cardiopulmonar e Gineco-Obstétrica, além de prestar preceptoria aos residentes da Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto da UFJF. Também atua como Professor convidado em curso de Pós-Graduação latu senso da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Lilian Pinto da Silva, Universidade Federal de Juiz de Fora

Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995), mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas (1999) e doutorado em Ciências em Engenharia Biomédica pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2009). É professora do Departamento de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Musculoesquelética da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenadora do Programa de Reabilitação Cardiopulmonar do Hospital Universitário (HU)/UFJF. Atualmente exerce a função de direção da Faculdade de Fisioterapia da UFJF. Tem experiência na área de Fisioterapia Cardiológica e Reabilitação Cardiovascular (fase ambulatorial), atuando principalmente nos seguintes temas: variabilidade da frequência cardíaca, envelhecimento, treinamento físico resistido e aeróbio. Atua como líder no grupo de pesquisa "Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Modulação Autonômica Cardíaca e Envelhecimento", cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e certificado pela UFJF.

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Publicado

2015-10-05

Como Citar

1.
Seixas MB, Weiss VF, da Silva LP. Manutenção dos benefícios obtidos durante a Reabilitação Cardiovascular Ambulatorial com programa de exercício físico não supervisionado após a alta. HU Rev [Internet]. 5º de outubro de 2015 [citado 28º de março de 2024];41(1 e 2). Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2490

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