O suicídio no Brasil: uma análise das intoxicações por medicamentos nos últimos 10 anos
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2022.v48.37747Palabras clave:
Tentativa de Suicídio, Suicídio, Intoxicação, Uso de MedicamentosResumen
Introdução: O suicídio é considerado um importante problema de saúde pública, com taxas significativas de prevalência e incidência em todo o mundo. Dentre os meios utilizados para a tentantiva do suicído está a ingestão exógena de medicamentos. Objetivos: Avaliar o perfil de intoxicações por medicamentos como motivação suicida no Brasil nos últimos 10 anos. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo, de série temporal, em 2 bases de dados: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (DATASUS-SINAN) e Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). Foram analisados dados sobre intoxicação exógena por medicamentos que ocorreram entre 2010 e 2021, avaliando as variáveis circunstância, gênero, faixa etária, cor da pele, escolaridade, região de residência, evolução e óbitos. Resultados: De acordo com o SINAN, foram notificados 572.951 casos de intoxicação éxogena por medicamentos nos últimos 10 anos no Brasil, sendo a tentativa de suicídio a principal circunstância (64%) relacionada ao uso. O perfil de intoxicação foi composto, principalmente, por mulheres (77%) com idade entre 20 e 39 anos (48,4%). Além disso, esses eventos foram mais prevalentes entre indivíduos brancos (49,3%) residentes na região Sudeste do país (51,3%). As intoxicações evoluíram, principalmente, para cura sem sequela (82%), com óbitos menos frequentes (<1%). A base de dados do SINAN forneceu maior conjunto de dados do que a do Sinitox. Conclusão: A intoxicação exógena por medicamentos como motivação suicida foi mais frequente entre mulheres jovens adultas, brancas e procedentes da região Sudeste. Sabendo-se que o suicídio pode ser prevenido, estratégias interprofissionais devem ser pensadas pautadas em políticas públicas de saúde mental efetivas direcionadas a esse público. Esses resultados devem ser analisados com cautela, pois existem lacunas em ambas as bases de dados avaliadas (SINAN e Sinitox).
Descargas
Citas
Conselho Federal de Psicologia (BR). O suicídio e os desafios para a psicologia. 1ª Ed. Brasília; 2013.
Busato WMM, Asevedo E, Mari J. Epidemiologia do suicídio. In: Damiano RF, Luciano AC, Cruz IDAD, Tavares H. Compreendendo o suicídio. 1. ed. Santana de Parnaíba: Editora Monole; 2021. p. 83-93.
Meleiro AMAS. As múltiplas faces do suicídio. In: Damiano RF, Luciano AC, Cruz IDAD, Tavares H. Compreendendo o suicídio. 1. ed. Santana de Parnaíba: Editora Monole; 2021. p. 2-7.
World Health Organization. Mental health home, suicide data. [citado em 2022 fev 01]. Acesso em: https://www.who.int/data/gho/data/themes/mental-health.
Ramos KA, Araújo STRS, Santos BSP, Sousa DC, Leite EF, Moreira GBO. Prevalência de suicídio e tentativa de suicídio no Brasil. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2019; 32:1-7. doi: 10.25248/reas.e1244.2019
Associação Brasileira de Psiquiatria (BR). Suicídio: informando para prevenir. 1. ed. Conselho Federal de Medicina: Brasília; 2014.
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico. Mortalidade por suicídio e notificações de lesões autoprovocadas no Brasil. [citado em 2022 jun 16]. 2021; 32(33). Acesso em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins.
Botega NJ. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed; 2015.
Cavalcante DM, Moreira VA, França AMB. Depressão e suicído em mulheres: uma revisão integrativa. Cadernos de Graduação. Ciências Biológicas e da Saúde. 2017; 4(1):87-98.
Ribeiro NM, Castro SS, Scatena LM, Haas LM. Análise da tendência temporal do suicídio e de sistemas de informações em saúde em relação às tentativas de suicídio. Texto & Contexto: Enfermagem. 2018; 27(2):1-11.
Bertoldi AD, Pizzol TSD, Ramos LR, Mengue SS, Luiza VL, Tavares NUL et al. Sociodemographic profile of medicines users in Brazil: results from the 2014 PNAUM survey. Revista de Saúde Pública. 2016; 50(2):1-11. doi: 10.1590/S1518-8787.2016050006119
Costa CMFN, Silveira MR, Acurcio FDA, Guerra AA, Guibu IA, Costa KS et al. Utilização de medicamento pelos usuários da atenção primária do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública. 2017; 51(Supl 2):18s. doi: 10.11606/S1518-8787.2017051007144
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Glossário da Resolução n. 04, de 10 de fevereiro de 2009. [citado em 2022 fev 01]. Acesso em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/res0004_10_02_2009.html.
Anjos ME, Machado IACM, Araújo IG, Oliveira ES, Pires VR, Monteiro FFC et al. Perspectiva da exposição aos medicamentos na tentativa de suicídio. Research, Society and Development. 2021; 10(11):e84101119273. doi: 10.33448/rsd-v10i11.19273
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (BR). Intoxicação exógena. [citado em 2021 out 18]. Acesso em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/Intoxbr.def
Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (BR). Dados de intoxicação. [citado em 2021 jul 02]. Acesso em: https://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-nacionais
Alvim ALS, França RO, Assis BB, Tavares MLO. Epidemiologia da intoxicação exógena no Brasil entre 2007 e 2017. Braz J Develop. 2020; 6(8):63915-25.
Santos SA, Legay LF, Lovisi GM, Santos JFC, Lima, LA. Suicídios e tentativas de suicídios por intoxicação exógena no Rio de Janeiro: análise dos dados dos sistemas oficiais de informação em saúde, 2006-2008. Rev Bras Epidemiol. 2013; 16(2):376-87.
Organização Pan-Americana da Saúde. Grave problema de saúde pública, suicídio é responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. [citado em 2022 fev 01]. Acesso em: https://www.paho.org/pt/topicos/suicidio.
Rocha GMA. Condutas autolesivas: uma leitura pela teoria do apego. Rev Bras Psicologia. 2015; 2(01):62-70.
Silva CM, Colucci Neto V. O suicídio: uma reflexão sobre medidas preventivas. Arch Health Invest. 2020; 9(1):80-6.
Ministério da Saúde (BR). Agenda de ações estratégicas para vigilância e prevenção do suicídio e promoção da saúde no Brasil 2017 a 2020. Brasília; 2017.
Conte M, Meneghel SN, Trindade AG, Ceccon R, Hesler LZ, Cruz CW et al. Programa de prevenção ao suicídio: estudo de caso em um município do sul do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 2012; 17(8):2017-26.
Secretaria Municipal de Saúde (BR). Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Avaliação do risco de suicídio e sua prevenção. 1. ed. Rio de Janeiro; 2016.
Soares LS, Anastácio LB, Otoni A, Baldoni NR, Chequer FMD. Profile of intoxications by drugs of abuse in Brazil. Brazilian Journal of Health and Pharmacy. 2021; 3(1):51-64. doi: 10.29327/226760.3.1-5
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2022 Pamela Souza Almeida Silva Gerheim, Maira Leon Ferreira, Fabiane Rossi dos Santos Grincenkov
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Cessão de Primeira Publicação à HU Revista
Os autores mantém todos os direitos autorais sobre a publicação, sem restrições, e concedem à HU Revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento irrestrito do trabalho, com reconhecimento da autoria e crédito pela citação de publicação inicial nesta revista, referenciando inclusive seu DOI.