Análise da mortalidade infantil no leste de Minas Gerais, 2008-2019

Autores

  • Fillipe Reis Silva Departamento de Medicina, Instituição de Ciências da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0001-6095-6379
  • Davi Nilson Aguiar e Moura Departamento de Medicina, Instituição de Ciências da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0002-8960-7540
  • Mateus Figueiredo Gonçalves Departamento de Medicina, Instituição de Ciências da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0002-4980-1621
  • Rômulo Batista Gusmão Superintendência Regional de Saúde de Governador Valadares, Minas Gerais
  • Eulilian Dias de Freitas Departamento de Medicina, Instituição de Ciências da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0002-4350-7499
  • Milena de Oliveira Simões Departamento de Medicina, Instituição de Ciências da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais
  • Waneska Alexandra Alves Departamento de Medicina, Instituição de Ciências da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0002-2893-8768

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2021.v47.34178

Palavras-chave:

Mortalidade Infantil, Sistemas de Informação, Fatores de Risco, Causas de Morte, Promoção da Saúde

Resumo

Introdução: A taxa de mortalidade infantil (TMI) é a frequência de óbitos de crianças menores de um ano de idade a cada mil crianças nascidas vivas. Objetivo: Caracterizar a incidência dos óbitos e o desempenho da TMI em relação às principais variáveis sociodemográficas e clínicas da criança e da mãe, na Macrorregião Leste de Minas Gerais, de 2008 a 2019. Materiais e Métodos: Foram utilizados dados secundários de domínios público dos Sistemas de Informação de Mortalidade e de Nascidos Vivos da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais na construção de um estudo ecológico de series temporais e abordagem descritiva observacional de caráter transversal. Resultados: Foram registrados 1.517 óbitos e TMI acumulada de 14,3/1000 nascidos vivos (NV). Na análise ano a ano não foi possível observar um padrão temporal conforme observado no âmbito nacional e estadual, sendo que a curva da evolução temporal da TMI mostrou-se anárquica. O componente neonatal precoce registrou as maiores taxas.  Na análise dos dados maternos, destacou-se por estarem atreladas às taxas mais elevadas, a baixa escolaridade (123,5 e 21,5/1000 NV), a idade reprodutiva em extremos (27,5 e 52,6/1000 NV) e o parto vaginal (15,7/1000 NV). Já em relação à criança, o sexo masculino (15,6/1000 NV), a raça/cor branca (20,3/1000 NV) e nascimentos ocorridos em domicílio (328,24/1000 NV) apresentaram maior TMI. Observou-se um alto percentual de mortes evitáveis (68%) destacando aquelas que são evitáveis por adequada atenção a mulher na gestação como a mais pronunciada. Conclusões: Com base nesses achados, nota-se a necessidade da gestão integrada nas redes de atenção à saúde materno-infantil ampliando assim a capacidade dos municípios de assistir com qualidade a gestação, o parto e o nascimento, a fim de atuar na redução da mortalidade infantil. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Martins PC, Pontes ERJC, Higa LT. Convergência entre as taxas de mortalidade infantil e os Índices de Desenvolvimento Humano no Brasil no período de 2000 a 2010. Interações. 2019; 19(2):291-303. doi.org/10.20435/inter.v19i2.1552

Carvalho RAS, Santos VS, Melo CM, Gurgel RQ, Oliveira CCC. Desigualdades em saúde: condições de vida e mortalidade infantil em região do nordeste do Brasil. Rev Saúde Pública. 2015; 49(5):1-9. doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049004794

Lisboa L, Abreu DMX, Lana AMQ, França EB. Mortalidade infantil: principais causas evitáveis na região Centro de Minas Gerais, 1999-2011. Epidemiol Serv Saúde. 2015; 24(4):711-20. doi.org/10.5123/S1679-49742015000400013

Ribeiro FD, Ferrari RAP, Sant’Anna FL, Dalmas JC, Girotto E. Extremos de idade materna e mortalidade infantil: análise entre 2000 e 2009. Rev Paul Pediatr. 2014; 32(4):381-8. doi.org/10.1590/S0103-05822014000400015

World Health Organization. Maternal and Child Epidemiology Estimation Group. Child causes of death 2000-2017. 2018. [acesso em 20 mar 2020]. Disponível em: https://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/childcod_methods_2000_2017.pdf?ua=1

Careti CM, Scarpelini, AHP, Furtado MCC. Perfil da mortalidade infantil a partir da investigação de óbitos. Rev Eletrônica de Enfermagem. 2014; 16(2):352-60. https://doi.org/10.5216/ree.v16i2.20321

Menezes ST, Rezende EM, Martins EF, Villela LCM. Classificação das mortes infantis em Belo Horizonte: utilização da lista atualizada de causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2014; 14(2):137-45. doi.org/10.1590/S1519-38292014000200003

Teixeira JAM, Araujo WRM, Maranhão AGK, Cortez-Escalante Juan JJ, Rezende LFM, Matijasevich A. Mortalidade no primeiro dia de vida: tendências, causas de óbito e evitabilidade em oito unidades da federação brasileira, entre 2010 e 2015. Epidemiol Serv Saúde. 2019; 28(1):1-9. doi.org/10.5123/s1679-497420190001000

França EB, Lansky S, Rego MAS, Malta DC, França JS, Teixeira R et al. Principais causas da mortalidade na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de carga global de doença. Em Bras Epidemiol. 2017; 20(1):46-60. doi.org/10.1590/1980-5497201700050005

Caldeira AP, França E, Perpétuo IHO, Goulart EMA. Evolução da mortalidade infantil por causas evitáveis, Belo Horizonte, 1984-1998. Rev Saúde Pública. 2005; 39(1):67-74. doi.org/10.1590/S0034-89102005000100009

Smith-Greenaway E, Trinitapoli J. Maternal cumulative prevalence measures of child mortality show heavy burden in Sub-Saharan Africa. In: Proceedings of the National Academy of Sciences. Los Angeles; 2020.

Hug L, Alexander M, You D, Alkema L. National, regional, and global levels and trends in neonatal mortality between 1990 and 2017, with scenario-based projections to 2030: a systematic analysis. The Lancet Global Health. 2019; 7(6):710-20. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(19)30163-9

Estado de São Paulo. A mortalidade infantil de 2019. 2020. [acesso em 2021 Ago 25]. Disponível em:https://www.seade.gov.br/produtos2/midia/2020/09/SeadeInforma_Mortalidade_Infantil_set2020.pdf

Ministério da Saúde (BR). Saúde Brasil 2019 uma análise da situação de saúde com enfoque nas doenças imunopreveníveis e na imunização. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019.

Zylbersztejn A, Gilbert R, Hjern, A, Hardelid, P. Origins of disparities in preventable child mortality in England and Sweden: a birth cohort study. Arch Dis Child. 2019; 105:1-9. doi.org/10.1136/archdischild-2018-316693

You, D, Hug L, Ejdemyr S, Idele P, Hogan D, Alkema L et al. Global, regional, and national levels and trends in under-5 mortality between 1990 and 2015, with scenario-based projections to 2030: a systematic analysis by the UN Inter-agency Group for Child Mortality Estimation. The Lancet. 2015; 386(10010): 2275-86. doi.org/10.1016/S0140-6736(15)00120-8.

Caldas ADR, Santos RV, Borges GM, Valente JG, Portela MC, Marinho GL. Mortalidade infantil segundo cor ou raça com base no Censo Demográfico de 2010 e nos sistemas nacionais de informação em saúde no Brasil. Cad Saúde Pública. 2017; 33(7):1-13. doi.org/10.1590/0102-311x00046516

Gava C, Cardoso AM, Basta PC. Infant mortality by color or race from Rondônia, Brazilian Amazon. Rev Saúde Pública. 2017; 51(35):1-9. doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006411

Ministério da Saúde (BR). DATASUS: estatísticas vitais. [Acesso em 2020 jun 09]. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BR). Panorama da taxa de mortalidade infantil em Minas Gerais. 2017. [Acesso em 2020 jun 09]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (BR). Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. [acesso em 2020 jun 09]. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_uf/minas-gerais.

Ministério da Saúde (BR). DATASUS. Informações em saúde: estimativas para o TCU: Minas Gerais [Tabnet]. [Acesso em 2020 jun 09]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/poptmg.def

Organização Pan-Americana da Saúde. Relatório 30 anos de SUS, que SUS para 2030? Brasília: OPAS; 2018. [Acesso em 2020 Abr 29]. Disponível em: http://saudeamanha.fiocruz.br/wp-content/uploads/2019/06/serie-30-anos-sus.pdf.

Balaj M, York HW, Sripada K et al. Parental education and inequalities in child mortality: a global systematic review and meta-analysis. Lancet. 2021; 398(10300):608-20. doi.org/10.1016/S0140-6736(21)00534-1

Lima JC, Oliveira Junior GJ, Takano OA. Fatores associados à ocorrência de óbitos fetais em Cuiabá, Mato Grosso. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2016; 16(3):353-61. doi.org/10.1590/1806-93042016000300008

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BR). Projeção da população do Brasil e das unidades da federação por sexo e idade para o período 2010-2060. 2018. [acesso em 2020 abr 29]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9109-projecao-da-populacao.html?=&t=resultados.

Santos EP, Ferrari RAP, Bertolozzi MR, Cardelli AAM, Godoy CB, Genovesi FF. Mortality among children under the age of one: analysis of cases after discharge from maternity. Rev Esc Enferm USP. 2016; 50(3):390-8. doi.org/10.1590/S0080-623420160000400003

Lemos ACS, Rocha AA. Análise da mortalidade infantil por causas evitáveis no município de Aracaju-SE de 2007 a 2015. C&D Revista Eletrônica da FAINOR. 2018; 11(2):371-84.

Feitosa AC, Santos JLS, Bezerra IMP, Nascimento VG, Macedo CC et al. Factors associated with infant mortality inbthe metropolitan region of Cariri, Ceará, Brazil. Journal of Human Growth and Development. 2015; 25(2):224-9. doi.org/10.7322/jhgd.103019

Morakinyo OM, Fagbamigbe AF. Neonatal, infant and under-five mortalities in Nigeria: an examination of trends and drivers (2003-2013). PLoS ONE. 2017; 12(8):1-21. doi.org/10.1371/journal.pone.0182990

Menezzi AMED, Figueiredo ID, Lima EWB, Almeida JC, Marques FKS, Oliveira CF et al. Vigilância do óbito fetal: estudo das principais causas. O Mundo da Saúde. 2016; 40(2):208-12. doi.org/10.15343/0104-7809.20164002208212

Prezotto KH, Oliveira LR, Oliveira RR, Melo EC, Scholze AR, Fernandes CAM. Mortalidade infantil: tendência e mudanças após a implantação do programa rede mãe paranaense. Enferm Glob. 2019; 18(55):469-509. doi.org/10.6018/eglobal.18.3.337311

Alves NCC, Feitosa KMA, Mendes MES, Caminha MFC. Complicações na gestação em mulheres com idade maior ou igual a 35 anos. Rev Gaúcha Enferm. 2017; 38(4):1-8. doi.org/10.1590/1983-1447.2017.04.2017-0042

Sanders LSC, Pinto FJM, Medeiros CRB, Sampaio RMM, Viana RAA, Lima KJ. Mortalidade infantil: análise de fatores associados em uma capital do Nordeste brasileiro. Cad Saúde Colet. 2017; 25(1):83-9. doi.org/10.1590/1414-462x201700010284

Lima JC, Mingarelli AM, Segri NJ, Zavala AAZ, Takano AO. Estudo de base populacional sobre mortalidade infantil. Ciênc Saúde Coletiva. 2017; 22(3):931-9. doi.org/10.1590/1413-81232017223.12742016

Migoto MT, Oliveira RP, Silva AMR, Freire MHS. Early neonatal mortality and risk factors: a case-control study in Parana State. Rev Bras Enferm. 2018; 71(5):2527-34. doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0586

Bernardino FBS, Gonçalves TM, Pereira TID, Xavier JS, de Freitas BHBM, Gaíva MAM. Tendência da mortalidade neonatal no Brasil de 2007 a 2017. Cien Saude Colet. 2021.

Auger N, Gilbert NL, Kaufman JS. Infant mortality at term in Canada: impact of week of gestation. Early Human Development. 2016; 100(1):43-7. doi.org/10.1016/j.earlhumdev.2016.04.006

Souza JBA, Santana BR, Resende LT, Gomes MMN, Murta TD. Mortalidade infantil brasileira por doenças respiratórias no período de 2009 a 2018. In: Ciências biológicas e da saúde: pesquisas básicas e aplicadas. Rio Branco: Stricto Sensu; 2021. p. 110-119

Lopes AD, Dias MLC. Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo em UTI pediátrica. Revista Cereus. 2019; 11(4):44-57.

Publicado

2021-11-12

Como Citar

1.
Reis Silva F, Nilson Aguiar e Moura D, Figueiredo Gonçalves M, Batista Gusmão R, Dias de Freitas E, de Oliveira Simões M, Alexandra Alves W. Análise da mortalidade infantil no leste de Minas Gerais, 2008-2019. HU Rev [Internet]. 12º de novembro de 2021 [citado 28º de março de 2024];47:1-11. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/34178

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)