Epidemiologia da dengue em Minas Gerais de 2009 a 2019: uma análise descritiva
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2022.v48.36236Palavras-chave:
Dengue, Sistemas de Informação, Epidemiologia, Vigilância em Saúde PúblicaResumo
Introdução: Atualmente, a dengue gera um importante impacto sobre o bem-estar dos pacientes e a economia do sistema público de saúde. Nesse sentido, evidencia-se a necessidade da realização de estudos epidemiológicos de modo a auxiliar nas análises acerca da realidade estadual. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico da dengue em Minas Gerais, de 2009 a 2019. Material e Métodos: Estudo observacional de caráter descritivo e quantitativo utilizando dados de notificações e internações obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Informações Hospitalares, a partir do TABNET. Calcularam-se taxas de letalidade, incidência e internação, utilizando dados demográficos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde para os cálculos de incidência e internação. As variáveis de estudo foram: ano de ocorrência, macrorregião de residência, faixa etária, evolução e classificação clínica da doença, sexo, escolaridade e raça. Resultados: A dengue possui um caráter cíclico de incidência, e as taxas de letalidade e internação oscilam anualmente. As macrorregiões Centro, Triângulo do Sul, Noroeste, Oeste, Triângulo do Norte e Vale do Aço obtiveram elevadas taxas de incidência, e a macrorregião Leste a maior taxa de internação. A maioria dos casos de dengue foram classificados como “dengue clássica”, e a classificação “dengue grave” foi a de menor incidência. Em relação à faixa etária, o intervalo de 15 a 39 anos apresentou maior taxa de incidência e menores taxas de letalidade e de internação, quando comparado à população idosa. Ademais, a evolução a óbito ocorreu mais frequentemente em indivíduos analfabetos. Conclusão: Os achados desse estudo elucidam o perfil epidemiológico da dengue em Minas Gerais, que se caracteriza por apresentar um padrão nacional cíclico de casos, manifestando-se principalmente de forma branda, mas com um acréscimo da morbimortalidade em analfabetos e idosos.
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