ENSINO DE (GEO)CIÊNCIA COM CARGA EPISTEMOLÓGICA
como abordar o tema da disputa entre cientistas?
Resumen
Parte importante da alfabetização científica de estudantes e futuros professores passa pelo aclaramento de que a ciência é uma atividade que, mesmo prevendo o compromisso com protocolos lógicos, não deixa de incorporar também situações de conflito entre pares. Sustentamos neste artigo a ideia de que tratar do tema “disputa” no ensino de ciências é uma forma de prevenir imagens distorcidas sobre como os cientistas negociam o valor das explicações: o fato de eles poderem, circunstancialmente, discordar entre si não refuta a tese de que a ciência possui uma lógica funcional estável; apenas retrata a presença de fatores psicossociais na produção de conhecimento. Como caso ilustrativo, apresentamos o tema das mudanças climáticas – alvo de dissenso envolvendo pesquisadores e grande público. Propomos um modo de aborda-lo a partir de ferramentas conceituais (“controvérsia” e “desacordo”) e demonstramos que esse tipo de expediente tem o valor de conferir conteúdo epistemológico ao ensino de ciências da terra, como é o caso da geografia física.




