A relação de topicalização como recurso para a negociação de faces e territórios
uma abordagem interacionista
DOI:
https://doi.org/10.34019/1808-9461.2024.v26.40063Palabras clave:
Entrevista jornalística. Relação de topicalização. Interação. Modelo genebrino de Análise do Discurso.Resumen
Neste trabalho, temos por objetivo analisar o papel que a relação de topicalização desempenha na gestão de faces e territórios em um excerto de uma entrevista jornalística escrita publicada pela Folha de S. Paulo em fevereiro de 2021, entrevista protagonizada pelas jornalistas Fernanda Mena (entrevistadora) e Nikole Jones (entrevistada). Buscando alcançar tal objetivo, adotamos uma abordagem interacionista para o estudo das relações de discurso, que, baseada em contribuições teórico-metodológicas da Escola de Genebra (ou abordagem genebrina de Análise do Discurso), tem sido desenvolvida no âmbito do Grupo de Estudos sobre Pragmática, Texto e Discurso, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. À luz dessa abordagem interacionista, analisamos duas ocorrências da relação de topicalização em um excerto da entrevista. Com a análise, buscamos demonstrar de que maneira o estabelecimento dessa relação ajuda o locutor a produzir uma intervenção que possa ser considerada pelo interlocutor como suficientemente adequada, isto é, uma intervenção pouco ou nada ofensiva, que não coloca em perigo as faces e os territórios em cena. Por meio da análise, mostramos que a topicalização atua como um recurso essencialmente interacional, uma vez que auxilia o locutor a impedir – ou pelo menos, tentar impedir – eventuais objeções do interlocutor. Dessa maneira, essa relação contribui em grande medida para proteger não somente a face e o território do interlocutor dos danos causados por uma intervenção ofensiva, mas também a face e o território do próprio locutor dos prejuízos causados por eventuais objeções do interlocutor.