Discurso político e saúde pública
a construção de ethos e narrativas sobre o uso de drogas
Palavras-chave:
Argumentação. Ethos de polêmica. Discurso Político. Fake News.Resumo
Este artigo investiga o uso da temática do consumo de cocaína como uma estratégia discursiva durante a campanha eleitoral de 2024 para a prefeitura de São Paulo, em que o político Pablo Marçal (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro) utilizou a acusação de que seu adversário, Guilherme Boulos (Partido Socialismo e Liberdade), seria usuário de cocaína. A análise foca na construção do ethos de polêmica, conceito de Ruth Amossy (2012), e nas estratégias argumentativas utilizadas por Marçal para deslegitimar Boulos, estigmatizando-o como uma pessoa “doente” e “incompetente”. Ao fazer isso, Marçal busca desviar o debate sobre políticas públicas e saúde em torno das drogas, construindo um imaginário social negativo. A pesquisa, com base em uma análise qualitativa das falas de Marçal em debates políticos, utiliza os conceitos de ethos de polêmica e discurso político, propostos por Ruth Amossy (2012) e Patrick Charaudeau (2012), para compreender como as estratégias discursivas de Marçal influenciam a percepção pública sobre a questão das drogas e a construção de narrativas políticas. A hipótese é que, ao veicular fake news sobre o uso de drogas por Boulos, Marçal não só reforça uma polarização política, mas também contribui para uma visão distorcida da discussão sobre saúde pública e políticas de drogas no Brasil.


