Os liberalismos na crise do Estado-Novo:

a polêmica de Roberto Simonsen com Eugênio Gudin (1944-1945)

Autores/as

  • Helio Cannone UFBA

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-2140.2023.45494

Palabras clave:

liberalismo, pensamento econômico brasileiro, desenvolvimentismo, nacionalismo

Resumen

O presente artigo pretende tratar da disputa entre Eugênio Gudin e Roberto Simonsen sobre os rumos do planejamento econômico do Brasil após o fim do Estado Novo e da Segunda Guerra mundial enquanto uma polêmica entre dois tipos de liberalismo. Tendo como suporte teórico as contribuições de Michael Freeden e de José Guilherme Merquior, argumentamos que Eugênio Gudin partia de um liberalismo vinculado a um imaginário político da Primeira República, de matriz economicista, que naturalizava o conceito de mercado e o laissez-faire. Já Roberto Simonsen, seria expressão de um liberalismo de tipo keynesiano que emergiu no Pós-guerra e no qual o Estado é visto como necessário para manter a economia e a sociedade funcionais.

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Biografía del autor/a

Helio Cannone, UFBA

Doutor em Ciência política pelo IESP-UERJ, atualmente é Professor substituto no Departamento de Ciência política da UFBA e pós-doutorando, com bolsa PDJ concedida pelo CNPq no Programa de pós-graduação em Ciências sociais da mesma universidade

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Publicado

2024-09-30

Cómo citar

Cannone, H. . (2024). Os liberalismos na crise do Estado-Novo:: a polêmica de Roberto Simonsen com Eugênio Gudin (1944-1945). CSOnline - REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, (38), 12–35. https://doi.org/10.34019/1981-2140.2023.45494

Número

Sección

Dossiês