Acidentes por animais peçonhentos: panorama epidemiológico na Bahia, entre 2015 e 2019
Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Animais Peçonhentos, Acidentes OfídicosResumo
Segundo a Organização Mundial de Saúde, os acidentes por animais peçonhentos encontram-se entre as doenças tropicais negligenciadas. No Brasil, apesar do Sistema Único de Saúde garantir o tratamento integral dessas condições, esse agravo promove consequências clínicas e socioeconômicas, afetando, sobretudo, pessoas em idade produtiva. Diante desse cenário, estudos que forneçam dados epidemiológicos que subsidiem estratégias de prevenção e atendimento a esse agravo tornam-se relevantes. Como objetivos, buscou-se analisar o perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos na Bahia, de 2015 a 2019. A metodologia trata-se de um ecológico, retrospectivo, realizado com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). Foram analisadas as variáveis: ano do acidente por animais peçonhentos, faixa etária, agente causador, gênero e raça. Dispensou-se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por terem sido utilizados dados públicos, sem identificação dos participantes. De 2015 a 2019, foram notificados 98.169 acidentes por animais peçonhentos na Bahia, com maior incidência nos anos de 2018 (n=25.047, 25,5%) e 2019 (n=24.695, 25,2%). A faixa etária mais acometida foi de 20-59 anos, representando 58,2% dos casos (n=56.815), seguida pela faixa etária de 10-19 anos, com 15,4% do total (n=15.058). Os homens foram os mais acometidos, representando 53,3% (n=52.327). Houve maior incidência de casos entre pacientes da raça parda, representando 62,0% do total (n=60.852). Ao analisar o agente causador, observou-se maior incidência de acidentes com escorpiões, representando 72,7% dos casos (n=71.362), seguido dos agentes ofídicos com 12,5% do total (n=12.283). Em conclusão, evidenciou-se maior incidência de acidentes por animais peçonhentos entre homens, adultos, da raça parda, sendo o escorpiônico o tipo de acidente mais notificado e o ano de 2018 aquele com maior número de registros. Esses dados apontam para a necessidade de medidas preventivas mais enfáticas, principalmente nos meses de temperaturas mais altas, pelo risco aumentado de contato com animais peçonhentos.